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Suplementação de vitamina D

Da Revista Materlife - nº 98

A vitamina D tem o Sol como sua principal fonte, além de alimentos como peixes e leite integral. Ela é importante para os ossos e para a saúde das crianças

A atual orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Ministério da Saúde (MS) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é o aleitamento materno exclusivo (AME), desde a primeira hora de vida até o sexto mês, em livre demanda, estendido até dois anos ou mais. Todos reconhecemos as vantagens do aleitamento materno, não só sob o ponto de vista nutricional para o bebê, mas também na recuperação mais rápida do organismo materno e no fortalecimento do vínculo familiar.

No entanto, precisamos nos atentar ao fato de que o leite materno não cobre 100% das necessidades básicas nutricionais em todas as faixas etárias, sendo que, em determinadas situações, temos que suplementar alguns nutrientes, vitaminas, sais minerais para o adequado crescimento e desenvolvimento da criança.

Um dos atuais "modismos de risco" é a informação sobre a não necessidade de oferecer vitamina D para os recém-nascidos em AME, justificando que o leite materno seria o suficiente para suprir as crianças. No caso do ferro, apesar da pequena quantidade oferecida pelo leite materno, sua biodisponibilidade (proporção do nutriente que é realmente utilizada pelo organismo) é grande. Assim, não há necessidade de suplementar ferro para crianças em AME. Infelizmente, não se pode transpor essa mesma posição, quando falamos sobre vitamina D, que não é encontrada em quantidade suficiente para suprir as necessidades dessa vitamina / hormônio no leite materno.

Estudos recentes de mapeamento genético realizados por cientistas da Universidade de Oxford descobriram 2.776 receptores de vitamina D ao longo do genoma, demonstrando a sua importância em todo nosso organismo, não só na questão de saúde óssea e prevenção da osteoporose como também em diabetes tipo 2, obesidade, doenças autoimunes e até em alguns tipos de câncer.

Um estudo publicado no Archives of Diseases in Childhood (08/01/2013), realizado na Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, onde o AME até o sexto mês foi adotado desde 2008, mostra um pouco dessa realidade. Nesse país não há uma regulamentação sobre a suplementação de vitamina D em crianças em AME de "baixo risco". 

Assim, durante 15 meses, 94 bebês a termo, entre 2 e 3 meses de idade, em AME, sem suplementação de vitamina D foram acompanhados com exames para determinar o nível dessa vitamina no sangue. A conclusão foi que, independente da estação do ano, há uma prevalência de deficiência de vitamina D nessas crianças e a sua suplementação deveria ser considerada na política de saúde da Nova Zelândia.

Outra publicação do Pediatrics (jornal oficial da Academia Americana de Pediatria) diz respeito a um levantamento feito em Izmir, na Turquia, abrangendo 143 lactentes de quatro meses de idade em AME e com suplementação de 400 UI ao dia (a dose recomendada pela SBP), entre maio de 2008 e abril de 2009. 

Os resultados demonstraram a preocupante deficiência e insuficiência da vitamina D nesses lactentes durante o período do estudo, muito agravados durante o inverno, demonstrando a necessidade de estudos adicionais para esclarecer a quantidade ideal de vitamina D para as crianças (temperaturas médias de 9°C no inverno a 29°C no verão, sendo frequentes máximas próximas dos 40°C).

O mesmo Pediatrics publicou em fevereiro de 2011 um comentário enfatizando a importância da ingesta adequada de vitamina D e cálcio na alimentação das crianças e adultos. 

Sociedade Brasileira de Pediatria, em texto publicado em seu site em 17/10/2012, recomenda a suplementação profilática medicamentosa oral de vitamina D nos lactentes em aleitamento materno, na dose de 400 UI (que é o dobro da recomendação anterior), por dia, até os 24 meses.

Converse com seu pediatra sobre o assunto. Será que os níveis de vitamina D do seu filho estão satisfatórios?