Publicações > Revistas > Materlife

VOLTAR

Por uma gestação mais consciente

Da Revista Materlife - nº 82

Você acha que 9 meses de gestação é muito tempo, não acha? Os incômodos do começo demoram a passar e, no final, parece que não acaba nunca, não é mesmo? Então, eu tenho boas e más notícias. Em primeiro lugar, eu posso assegurar: Isso não vai ficar assim. Vai piorar? Vamos ver. - O período de náuseas, azia e inchaço... esses vão se manter. - O final da gestação... essa, em compensação... também não vai mudar. Sei, então cadê as mudanças? Foi definido que sua gestação, a partir de agora, VAI DURAR 18 MESES.

Feliz? Radiante? Decepcionada?
Calma, não vai haver muito transtorno.

A gestação deve começar 3 meses antes da fecundação. Isso quer dizer que a futura-mamãe já deve se preparar para a gravidez desde pelo menos 3 meses antes do fato consumado.

Algumas decisões, nesse período, são fundamentais (3 meses novos da gestação):

- O pré-natal deve iniciar nesses meses que antecedem a gravidez. Quanto melhor preparado estiver o casal, já com exames prévios feitos, vacinação adequada (só é aconselhável engravidar 3 meses após a vacina de rubéola, por exemplo), orientação quanto às fases da gravidez e, desde já, o aleitamento materno, maiores serão as chances de felicidade.
- Se já não acontecia antes, a partir de agora, passe a se alimentar melhor. Não é hora de fazer dieta (ou comer menos para começar a gestação com menos peso) ou de comer mais (para ter que comer por dois). Assim, o mais importante é comer bem, uma alimentação equilibrada, com proteínas, carboidratos, gordura, vitaminas e sais minerais bem distribuídos.
- Uma suplementação é absolutamente necessária: ácido fólico. Usa-se o ácido fólico como complemento para a mamãe, para auxiliar na formação do tubo neural (futuro "cérebro") do recém-nascido.
- Não fumar. Não usar drogas. Não tomar álcool. Isso vale para essa fase (3 meses antes), para a gestação propriamente dita (9 meses) e para o período de aleitamento materno (6 meses exclusivo e até os 2 anos de idade do bebê, como parte da alimentação saudável).


Uma vez cumprido esse período com sucesso, passamos para a fase 2 desse processo: a gestação propriamente dita.

Durante os 9 meses já tradicionais da gravidez, a alimentação tem um papel primordial, mas que deve ficar bem claro: comer bem não é comer por dois.
Não se deve ganhar muito peso (10 a 12 kg é uma média boa), mas também é importante evitar o excessivo controle. Ganhar peso na gestação é importante. Só assim, poderemos garantir ao feto-futuro-bebê um aporte "alimentar" adequado, promovendo seu crescimento e desenvolvimento saudáveis durante os 9 meses e após seu nascimento.
A suplementação de ferro, receitada pelo obstetra para a prevenção de anemia gestacional, deve iniciar após o 3º mês de gestação e terminar após o 6º mês de aleitamento materno exclusivo.

Durante essas consultas de pré-natal, o casal deve seguir as recomendações e orientações do obstetra, e esclarecer suas dúvidas, seus receios.
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda uma consulta com o pediatra a partir da 32ª semana de gestação para a escolha do profissional que irá cuidar do bebê. Nessa oportunidade, o casal poderá esclarecer suas dúvidas, conhecer melhor o médico, sua linha de trabalho e chegar ao final dessa fase da gestação mais seguros com o médico a quem irão confiar os cuidados de seu bebê.

Após o parto, os primeiros 6 meses de vida do bebê requerem um cuidado adicional, para terminarmos bem o que começou bem : o aleitamento materno exclusivo até o 6º mês.
A preparação já deve ter começado bem antes, durante o pré-natal (por isso, ainda "fazendo parte da gestação"), com a orientação obstétrica sobre os cuidados com a mama (uso de sutiã quando o seio aumenta muito de volume para não "empedrar"), com o mamilo (se estão adequados ou invertidos ou preparados adequadamente). 

A consulta na 32ª semana de gestação com o pediatra, recomendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, também faz parte desse script onde os pais poderão esclarecer dúvidas sobre a importância real do aleitamento materno, bem como ter informações sobre as técnicas de amamentação (pega do bebê, posições, intervalos e duração das mamadas, entre outras).

A orientação da alimentação da gestante e da lactante é feita em conjunto entre obstetra e pediatra, podendo ter a colaboração inestimável de nutricionista.
Deve-se ressaltar a importância do ferro (prevenindo a anemia da mamãe) e do ômega 3 (favorecendo o controle dos lipídeos – colesterol e triglicérides – na mãe e favorecendo a formação de mais sinapses– ligações entre as células nervosas – no cérebro do bebê).

Ambos podem ser obtidos através da alimentação ou também por suplementação (medicamentosa) orientada pelos profissionais responsáveis.

E assim, como vocês viram, mudou muito pouco em questão do prazo, mas muito em relação à conscientização. Esse é um bom começo para virarmos o jogo a favor da promoção à saúde e pararmos de correr atrás dos prejuízos.

É mais barato, mais eficaz e mais definitivo.