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Moises Chencinski: "Precisamos priorizar a amamentação"

Do site da Crescer

Entre os dias 1º e 7 de agosto, será celebrada a Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM) 2025. Mas, apesar de todas as informações, estudos, campanhas de conscientização e políticas públicas, mais de 50% das crianças não são amamentadas exclusivamente até o 6º mês, conforme as recomendações

por Dr. Moises Chencinski - colunista

21/07/2025

E lá vem mais uma Semana Mundial de Aleitamento Materno. 

Sabe aquelas questões que nem deveriam existir?

É importante que o ar seja puro e limpo, sem poluição, para podermos respirar melhor, o tempo todo.
Em 7 de setembro, a ONU promove o “Dia Internacional do Ar Limpo para um céu azul”, com um apelo a todos – desde governos e empresas até a sociedade civil e indivíduos – para investirem na campanha #ArLimpoAgora.

Todos os habitantes do Planeta Terra precisam sempre de boa saúde e bem-estar para viver.
Dia 7 de abril, a OMS, desde 1948 (mas celebrado a partir de 1950) implementou o “Dia Mundial da Saúde”, com o slogan “Inícios Saudáveis, Futuros Esperançosos”  e, em 2.025, com o foco na saúde materna e neonatal, incentivando governos e a comunidade da saúde a intensificarem os esforços para acabar com as mortes maternas e neonatais evitáveis e a priorizar a saúde e o bem-estar das mulheres em longo prazo.

Para que a vida possa existir, é importante que a nossa casa, o Planeta Terra, seja bem cuidado, protegido por todos, sem parar.
Dia 22 de abril, por uma iniciativa da ONU, é comemorado o “Dia Internacional da Mãe Terra”, abordando a importância do cuidado com a água, com a biodiversidade, com o desperdício, ecossistemas, mudança climática (tão “em moda” ultimamente) e oceanos, com a sugestão da implementação de Dez Ações para atingir esses objetivos.

Sério mesmo que precisamos de um dia em especial para reforçar que, em todos os segundos, de todos os minutos, de todas as horas... (você já entendeu, né?) é importante nos lembrarmos de que todos precisamos respirar ar puro, cuidar da saúde de mães e recém-nascidos e do Planeta Terra, e da nossa, por tabela, para que a vida persista por aqui?

Bom se é preciso de uma data em especial ou de uma ação mundial para reforçar a importância do padrão ouro da alimentação infantil, que traz benefícios à saúde materno-infantil, ao meio ambiente, à economia, à sociedade, ao planeta, que favorece a proteção imunológica dos bebês, desde o parto até dois anos ou mais, que mata a sede (85% de sua composição é água) dispensando, nos primeiros seis meses de vida o consumo de água e, como se isso não bastasse, ainda pode ser doado a um outro estabelecimento de saúde (Bancos de Leite Humano) que vai analisar para que ele seja reutilizado por recém-nascidos “mais apressadinhos” (prematuros), garantindo “começos saudáveis para futuros brilhantes”... então... que venham.


34ª Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM) e 9º Agosto Dourado

Desde 1.992, a WABA (World Alliance for Breastfeeding Action) coordena a celebração da SMAM, que acontece no Brasil desde 1993, abordando, a cada ano, um tema relevante na amamentação no mundo.

A Iniciativa Hospital Amigo da Criança (1992) foi a primeira das estratégias reforçada nessa trajetória. E, desde então, muitas propostas de ações percorreram esses 34 anos. Em 2.025, o tema trabalhado no Brasil, pelo Ministério da Saúde e pela Sociedade Brasileira de Pediatria, será:

Priorize a Amamentação. Crie Sistemas de Apoio Sustentáveis”.


Priorize a Amamentação

PRIORIDADE (Dicionário Michaelis)

“Condição ou estado de primeiro; antecedência no tempo e na ordem. Condição do que está em primeiro lugar em urgência ou necessidade; primado. Direito ou possibilidade legal de falar primeiro ou de ser atendido em primeiro lugar; preferência, primazia”. 

Apesar de todas as informações, os estudos, as campanhas de conscientização, as semanas mundiais de aleitamento materno, as políticas públicas, mais de 50% das crianças não são amamentadas exclusivamente até o 6º mês, conforme as recomendações.

Em tempos em que a inteligência artificial é uma realidade, não há como atribuir essa estatística à falta de informação. Talvez o excesso até prejudique, mas não a ponto de comprometer essa contagem.

O marketing digital das indústrias de produtos lácteos comerciais, que visam “substituir” o leite humano, tanto através do comprometimento de profissionais da área de saúde, como pela contratação de influenciadores digitais, tem, com certeza, sua parcela percentual nesse desfaio da priorização da amamentação.

Políticas públicas são elaboradas e colocadas em prática há pelo menos um século, sobre vários aspectos do aleitamento materno: licença-maternidade e paternidade para recém-nascidos a termo (“9 meses”) e prematuros, para mães que trabalham em Empresas Cidadãs ou não, iniciativa hospital amigo da criança, rede de bancos de leite humano, o Código de Marketing de Substitutos de Leite Materno (no mundo e no Brasil – a NBCAL), entre muitas outras. E, ainda assim, o aleitamento materno exclusivo até o 6º mês teve um aumento de 8,6% em 13 anos (2006-2019) enquanto as vendas de fórmulas infantis, nesse mesmo período, acumulam 750% de lucros a mais.

Há uma soma de fatores que colaboram para que a recomendação da OMS (aleitamento materno da sala de parto até dois anos ou mais, exclusivo e em livre demanda até o 6º mês) não seja atingida. As metas da OMS são de 50% de AME até o 6º mês até 2.025 e de 70% até 2.030. No Brasil, chegamos perto em 2.019 (45,8% - segundo dados do ENANI-2019) e teremos uma noção mais aproximada da realidade com os resultados do novo ENANI, que está em fase de coletas de dados em 2.025. Em algumas cidades, essas taxas foram atingidas e até ultrapassadas, mas, na maioria do país, ainda não temos essa realidade.

Então, fica muito claro, que em todas as esferas precisamos PRIORIZAR a amamentação.


Sistemas de Apoio Sustentáveis

Aqui, vale trazer um trecho da tradução do Action Folder (Pasta de Ação) da WABA (World Alliance for Breastfeeding Action).

Um sistema de apoio à amamentação sustentável é uma abordagem de toda a sociedade que garanta que cada mãe tenha o apoio, o ambiente e os recursos para amamentar com sucesso, desde o parto até os dois primeiros anos de vida da criança ou mais.

O apoio à amamentação deve começar no período pré-natal, com profissionais de saúde treinados para fornecer orientações claras, tranquilizadoras e qualificadas.

O apoio contínuo durante as internações hospitalares e especialmente após a alta é crucial. As mães precisam de ajuda para lidar com os desafios da amamentação, ganhar confiança e equilibrar a amamentação com o retorno ao trabalho, especialmente diante do marketing antiético generalizado da indústria de fórmulas lácteas para bebês. É um sistema enraizado na continuidade, na inclusão e na integração entre gerações, fronteiras geográficas e camadas sociais, como uma cadeia acolhedora contínua de apoio à amamentação.

Que essa seja uma semana (mundial de aleitamento materno) e um mês (agosto dourado) de muita reflexão e conscientização, e que a amamentação seja priorizada durante o ano todo, de forma sustentada por todos, para que se beneficiem, mães e bebês, famílias, sociedade, meio ambiente e o planeta.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545