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Mãe conta por que decidiu 'amamentar' o marido: 'Eu estava com o duto da mama entupido e achei que deveria tentar'

Do site da Crescer

Jornalista estava com duto da mama entupido; veja a opinião de uma especialista em amamentação

por Crescer Online

11/02/2022

Um tempo depois de dar à luz gêmeos, a jornalista argentina Conz Preti começou a sentir dores no seio esquerdo e logo descobriu que um duto de leite estava obstruído. Após testar diversos métodos para tentar resolver o problema, ela decidiu pedir para o marido sugar o leite, na esperança de desobstruir o entupimento. Apesar de não ter dado certo, Conz acredita que a experiência serviu para unir ainda mais o casal.

Em um relato, divulgado pelo site Insider, a mãe contou que alguns meses após o nascimento dos gêmeos, em 2020, ela começou a sentir muito incômodo no seio esquerdo e decidiu procurar orientações médicas. “O obstetra me disse que eu tinha um entupimento, que acontece quando um duto de leite está obstruído, não permitindo que o leite saia da mama corretamente”, explicou.

Com medo de acabar desenvolvendo mastite (processo inflamatório de um ou mais segmentos da mama), Conz resolveu testar vários “métodos de desentupimento”. “Primeiro massageei a área. Depois comecei a bombear leite enquanto massageava”, lembrou a mãe.

Ela, então, resolveu recorrer a um grupo para mães no Facebook para pedir conselhos sobre o que fazer, e uma pessoa sugeriu pedir ao marido para sugar o leite. “Primeiro eu ri, mas como nada mais estava ajudando a aliviar a dor e o desconforto, achei que deveria tentar. Quando sugeri ao meu marido, não houve hesitação da parte dele”, contou.

Após colocar os filhos para dormir, o casal pegou um copo – já que o homem não queria tomar o leite – e colocou a ideia em prática. “Foi estranho no começo, ver meu marido tentando sugar o leite do meu peito, mas rapidamente superei quando vi o leite saindo. Fizemos isso por cerca de 10 minutos – até eu ficar desconfortável, já que a sucção dele era mais forte do que a minha bomba ou a boca dos nossos bebês”, relatou Conz.

Apesar de a mama ter ficado menos inchada, a sucção não removeu o entupimento. A mãe continuou procurando na internet outras ideias para tentar desobstruiu o duto, até que encontrou uma técnica que finalmente resolveu o problema. Ela usou compressas mornas antes de extrair, com uma bomba manual, o leite que saía do seio oposto ao que estava alimentando um de seus bebês. No dia seguinte, já estava totalmente sem dor.

“Embora a tentativa de ‘amamentação’ do meu marido não tenha funcionado, é algo que nunca esqueceremos. No final das contas, isso nos aproximou ainda mais como casal. Eu soube que ele estava disposto a fazer qualquer coisa para garantir que eu fique bem”, concluiu o relato.

Mas será que essa é uma prática recomendada? A CRESCER conversou com a consultora de amamentação Sabrina Cattaneo, que explica que não, essa não é uma indicação. "O bebê pode tranquilamente conseguir desobstruir o duto, não precisa ser outra pessoa. Mas eu entendo que ela estava em uma situação de desespero, talvez não tivesse acesso a informações sobre outras possibilidades para desobstruir. Foi o que ela tinha em mãos e ela fez uso desse artifício. Mas eu, como consultora de amamentação, não faria essa indicação.

Sabrina explica que o entupimento de duto gera uma bolinha normalmente branca/amarelada no mamilo e a mulher sente dores. “Em geral não dá febre, mas ela sente bastante dor porque é como se fosse uma mangueira que está com a pressão de água vindo, o leite sendo fabricado e tentando ser ejetado, mas tem uma camada que está impedindo. É como se essa mangueira estivesse fechada em um ponto, então a pressão vem e esse leite não tem vazão, por isso gera dor e incômodo”, detalha.

De acordo com o pediatra e colunista da CRESCER Moises Chencinski, membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria, a obstrução do duto é o acúmulo e espessamento do leite em um segmento mamário, obstruindo a passagem de leite. Ela pode ocorrer por conta de um ingurgitamento extremo, pelo uso de pomadas/cremes, de absorventes, por grande intervalo entre as mamadas ou por pressão sobre as mamas (sutiãs apertados, slings, bolsas pesadas em ombros), fadiga e/ou estresse materno.

Mas o que fazer? A primeira coisa: alterar as posições de mamada, para que o bebê consiga drenar todos os quadrantes mamários. Outra ideia é fazer compressas mornas e massagem antes da mamada para ajudar a liberar esse duto antes de o bebê mamar. “Mais uma coisa que funciona muito bem é amamentar na posição quatro apoios. Como é isso? Primeiro, ela coloca o mamilo de molho em um pote com água morna antes de dar de mamar. Deixa alguns minutinhos até o mamilo ficar bem molinho, para deixar a região mais amolecida. Ela vai massagear a mama antes de fazer essa compressa, então ela massageia, vai no pote com água morna, fica alguns minutinhos e, depois que ficou bem molinha, ela vai colocar o bebê deitado na cama, de costas no colchão, e vai em cima do bebê, na posição de quatro apoios, ofertar a mama ao bebê. Óbvio que ela não vai deitar em cima do bebê, ela vai ficar em quatro apoios, em cima e sem encostar no bebê. Por que isso ajuda? A posição ajuda com que o leite corra melhor”, sugere a consultora.

Se nada disso ajudar, a mulher pode, após o banho, passar a própria toalha sobre o seio para tentar remover o entupimento. E, em último caso, uma opção seria remover a “pelinha” desse duto com uma agulha. “Isso deve ser feito por uma profissional, uma consultora de amamentação ou o próprio médico que estiver acompanhando. O procedimento é simples: com uma agulha estéril o profissional vai lá e tira essa pontinha. Mas sempre tentamos os passos anteriores primeiro e, normalmente, não é preciso chegar à agulha”, conclui.

Embora polêmica, a “amamentação” de homens adultos é mais comum do que parece. Existem sites como o dreamsofmilk e lactation.wiki com fóruns exclusivamente dedicados a responder dúvidas sobre o assunto. Adultos que se declaram adeptos recebem críticas na internet, já que associar a amamentação ao erotismo torna a vida das mães ainda mais difícil. Sexualizar o ato natural de oferecer o melhor alimento do mundo para os bebês deixa as mulheres ainda mais vulneráveis quando o assunto é amamentação em público por exemplo.

Não são poucas as denúncias de fotos de mães amamentando que vão parar em sites com contextos pornográficos. A luta pelo direito de amamentar em público também esbarra na questão da associação do aleitamento com o sexo. Mas vale lembrar que o objetivo principal dos seios femininos é a amamentação e não o prazer masculino.

"As mamas são importantes zonas erógenas da mulher. No entanto, no período de aleitamento, elas se tornam uma fonte de alimento para o bebê e devem ser exclusivamente dele, inclusive para evitar o risco de contaminação", explica a ginecologista, sexóloga e colunista da CRESCER, Carolina Ambrogini (SP).

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545