Publicações > Meus Artigos > Todos os Artigos

VOLTAR

Bicho de estimação é tudo de bom! Saiba os motivos para tornar um pet membro da sua família.

Do site da Revista Pais & Filhos

Está aí uma grande oportunidade de trabalhar em seu filho o senso de responsabilidade. O pet fará parte da memória da sua família para sempre. Pode chegar, seja bem-vindo amigo!

por Marina Paschoal

25/08/2019

Abrir a casa para um novo integrante – geralmente de quatro patas – é um grande passo, principalmente quando já se tem filhos. Não há como negar que eles animam o lar e que não tem nada mais gostoso do que chegar e ser recepcionado com muita alegria. Eles dão trabalho e demandam mais cuidados e responsabilidade, mas crescer ao lado de um animal de estimação trará muitos benefícios para os seus filhos e família – e podemos provar!

Segundo um estudo feito na Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, crianças que têm cachorro são menos estressadas. A pesquisa funcionou assim: foram aplicados testes de fala e lógica, que são conhecidos por aumentar os níveis de estresse e da quantidade de cortisol, em crianças ao lado dos pais, dos cães e sozinhas.

O resultado mostrou que quando Ao lado do bicho de estimação, meninos e meninas apresentavam sentimentos menos estressantes e menor nível de cortisol na saliva. E não para por aí. Segundo Renata Basile Medina, veterinária especializada em neurologia pela UNESP de Botucatu, a criança que tem um cachorro tem, na realidade, um fiel companheiro. “Eles diminuem de forma importante o estresse ou qualquer tipo de dificuldade que ela tenha em lidar com outras pessoas, por exemplo”.

Muito além da amizade

Apesar de o bicho de estimação, e em especial o cachorro, ensinar ao seu filho a lidar com situações e sentimentos importantes na vida, ele ainda é capaz de influenciar no desenvolvimento. “Além de ajudar a criar noções de responsabilidade e companheirismo, já que a criança terá sob seus cuidados um outro ser vivo, essa relação impulsiona a coordenação motora e o gasto de energia, já que eles vão querer acariciar, brincar e correr atrás do animal”, explica Moisés Chencinski, pai de Renato e Danilo, pediatra e presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Mas é muito importante, antes mesmo de adotar o pet, explicar para a criança que gato, cachorro ou qualquer outro bicho de estimação, não são brinquedo ou algo temporário. E para você, mãe ou pai, fica a dica: esses animais duram, em média, de 15 a 20 anos. Então não dá pra cansar, mudar de ideia ou enjoar.

Faz bem para a saúde também

Os pelos, as patas e a saliva do gato ou cachorro pedem atenção, já que têm micro-organismos e podem causar doenças. Para garantir que a saúde do seu pet e do seu filho fiquem em dia, é imprescindível seguir as vacinas e doses de vermífugo do animal à risca – além, claro, de fazer o mesmo com o seu filho. Isso faz parte dos cuidados básicos, junto com lugar específico para as necessidades e visitas periódicas ao veterinário.

E apesar dos animais serem causa comum de alergias – sendo metade das crianças asmáticas alérgicas a gatos e 40% a cachorros, segundo a ONG Allergy UK – a condição não é necessariamente uma regra. Segundo um estudo da universidade de alberta, no canadá, bebês que vivem em famílias com bichos de estimação têm menos chances de desenvolver alergias e obesidade.

Os pesquisadores analisaram os cocôs de quase 800 recém-nascidos de até três meses e os resultados mostraram que apenas nas fraldas daqueles que conviviam com animais de estimação – e em quase 47% dos casos, convivência desde a gestação – dois tipos de micróbios característicos de pessoas sem histórico de alergias ou obesidade, estavam presentes.

Traduzindo: ter animais de estimação está diretamente relacionado com a prevenção de alergias, já que pode transformar positivamente a nossa flora intestinal. Além disso, outra pesquisa publicada pela revista americana JAMA Pediatrics provou, depois de 10 anos de estudos e 650 mil crianças analisadas, que quando a convivência com cachorros ou animais rurais acontece no primeiro ano de vida, as chances de ter asma diminuem 13%.

O estudo sugere que essa exposição precoce ao bicho de estimação pode ajudar o sistema imunológico a se desenvolver melhor e evitar alergias. Para fechar com chave de ouro, o pesquisador sueco Bill Hesselmar, da Universidade de Gothenburg, cruzou os resultados e chegou à conclusão que quanto maior e mais cedo o contato e convívio com bichos, melhor. Então, se você já tem um pet e está à espera de um bebê, fique tranquila! Ao que tudo indica, essa amizade vai ser tudo de bom para os dois. Mas se você já tem um filho alérgico, fica o alerta: nada de tentar “curá-lo” com a presença de um animal de estimação – isso pode, inclusive, piorar os sintomas dele.

Parte da família

De modo geral, cerca de 4 entre 10 crianças nascem em lares que já possuem animais domésticos, e 90% delas convivem com um ao longo da vida, segundo estudo feito por Gail F. Melson, professora de Desenvolvimento Infantil e Família na Universidade de Purde, nos Estados Unidos. Ou seja, não tem como negar que eles acabam virando membro da família!

Ainda no estudo da professora americana, um grupo de crianças de cinco anos foi questionado sobre o que fazem quando se sentem tristes, com raiva ou medo. O resultado mostrou que mais de 40% delas procuravam a companhia do cão como fonte de conforto – sim, o cachorro é o melhor amigo do homem!

E quem tem sabe: o bicho de estimação une a família e muitas vezes é o foco da atividade de todos juntos. Seja para levá-lo para passear no parque, sentar-se no chão e brincar ou apenas observá-lo correr atrás do próprio rabo, por exemplo. Momentos como esses devem ser valorizados, principalmente, por desacelerar o ritmo frenético da vida moderna que sobrecarrega pais e filhos. Então, ficar sem fazer “nada”, apenas brincando com o seu filho e seu pet é sim uma coisa muito importante.

Para todas as idades

Segundo Samantha Melo, adestradora comportamental e colunista da Pais&Filhos, não existe data para que a criança possa conviver com o pet. “Precisamos respeitar o tempo da criança e garantir que as tarefas sejam cumpridas de forma prazerosa, então devemos analisar as capacidades dela de acordo com a idade”, ela indica.

Segundo a especialista, até os três anos seu filho já consegue aprender a acariciar o animal sem machucá-lo. “É legal estabelecer a ‘hora do carinho’, que pode ser um pouco antes de dormir”, Samantha aconselha. Dos três aos seis anos, uma boa ideia é delegar a responsabilidade de manter o pote de água sempre cheio e fresco ao seu filho, assim ele aprende que o cão tem necessidades tão importantes quanto nós, humanos.

“Dos seis aos nove anos, a criança já está preparada para assumir a responsabilidade da ração também. Minha orientação é que a porção diária seja separada pela manhã e ela preencha os potes nos momentos indicados”, ela conta.

Já para os mais velhos, de nove a doze, a tarefa indicada é escovar o pet. “Se a ‘hora do carinho’ já é corriqueira na rotina, essa será uma evolução natural”, explica. A partir dos doze anos os passeios estão liberados – mas sempre com coleira e guia!

É muito amor!

Com tanta convivência, é praticamente inevitável que seu filho (e você, claro) crie um vínculo de muito carinho e afeto com o pet – e vice-versa. Segundo Samantha, é fácil perceber quando o sentimento é recíproco, basta observar alguns tipos de comportamento do bicho de estimação com a criança. 

O primeiro sinal é abanar o rabo, e esse todo mundo conhece muito bem. “De fato, a cauda do animal funciona como um termômetro”, ela explica. Receber lambidas no rosto é sinal de carinho e submissão, ou seja, quer dizer que eles se sentem amados e seguros perto dos donos. E se uma aproximação mais carinhosa acontece quando vocês, tutores, estão tristes, não pense que é por acaso. 

Segundo Samantha, eles são, sim, capazes de decifrar as nossas mudanças de humor e fazer excelente leitura corporal. Por isso é muito comum que eles se aproximem em momentos difíceis para a família. “Ter um cachorro ensina à criança o real sentido de companheirismo, cumplicidade e fidelidade. Eles ensinam sobre o amor na sua forma mais pura”, Renata completa.

MARCANDO TERRITÓRIO

Independente de quem já era da família, é importante preparar a criança ou o pet para a chegada do novo membro.

Quando a criança chega antes

– Deixe-a ajudar na escolha do animal e do nome 

– Explique que o pet não é brinquedo, portanto sente dor e tem emoções 

– Eduque-a para brincar, fazer carinho e corrigir o animal quando necessário  

Quando o pet chega antes:

– Deixe que ele cheire o carrinho, berço e brinquedos do bebê 

– Ensine-o, aos poucos, a se conter com pulos e latidos 

– Não esqueça de recompensá-lo com petiscos sempre que fizer algo certo

A HORA DA VERDADE

Separamos dicas e estratégias para tornar a introdução do pet à família o mais fácil possível

– Faça o test-drive: antes de dar o grande passo, tenha certeza de que vocês estão preparados para isso. Visite parques com pets ou fiquem de babá de algum bicho de parente ou conhecido 

Introduza-o gradualmente: sua casa é um ambiente completamente novo para o animal e ele pode levar meses para se sentir completamente confortável. Seja paciente e dê tempo a ele 

– Ele vai querer mastigar tudo: é inevitável, especialmente para filhotes. Se não tiver um brinquedo para mastigar, ele vai optar por móveis, por exemplo. A dica é garantir que seu pet tenha itens para se divertir 

– Ele precisa se exercitar: todos os cães precisam se exercitar, independente do tamanho. Por isso, passeios regulares devem fazer parte da rotina da família. Se vocês têm um quintal, a frequência pode ser menor

– Leve-o ao veterinário: é importante lembrar que os filhotes precisam tomar todas as vacinas antes do primeiro passeio fora de casa. Por isso, as idas ao consultório devem fazer parte da rotina 

– Equipe a sua casa: pense no bicho de estimação como outra criança no lar. Então, coloque portões e obstáculos nos cômodos que você não quer que ele entre e remova enfeites pendurados ou toalhas 

– Dividam as tarefas: os pets unem a família, mas as responsabilidades acabam ficando apenas com os adultos. Inclua as crianças nessa e dê a elas tarefas como colocar ração ou água no pote, por exemplo 

– Crie um ambiente confortável pra ele: seu filho provavelmente tem um espaço de brincar, e os animais também precisam de um ambiente para relaxar – com uma cama ou cobertor e vista agradável, por favor! 

– Use a comida a seu favor: isso servirá como recompensa para o pet quando ele merecer e é uma ótima maneira eficaz dele entender que você é quem está no comando 

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545