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Dois dedos de prosa com Moisés Chencinski

Do site do Jornal O Povo

Agosto é o mês mundial do aleitamento materno. É através do leite humano que o bebê recebe o que precisa para um desenvolvimento saudável e que se inicia o estabelecimento de vínculos do binômio mãe-filho.

por Isaac de Oliveira

19/08/2018

Esse tema, todavia, ainda é envolto por desinformação e preconceito, por exemplo, contras as mães que não podem ou não querem amamentar. O pediatra Moisés Chencinski, membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), destaca as dificuldades do aleitamento materno e a importância da informação e do empoderamento para as mulheres nesse processo.

O POVO: Como o senhor avalia as taxas e as dificuldades da amamentação no País?
Moisés Chencinski: Tivemos um grande aumento de 1976 até 2006. E de 2006 pra cá as nossas taxas se estabilizaram. Falta informação. Os profissionais [de saúde] não têm todo conhecimento necessário pra acolher, apoiar e informar as mães. É preciso compreender sem julgar que a mãe pode querer ou não amamentar. E, principalmente, que ela tenha essa decisão informada. As leis ainda não dão a licença maternidade de seis meses para todas as mulheres. Não são todas as empresas que têm uma sala de apoio pra mulher que volta ao trabalho consiga tirar o seu leite, armazenar e levar pra casa. Não é todo mundo que conhece o trabalho dos bancos de leite, que não trabalham só recebendo leite, mas também para orientar e acolher as mães. Se não fosse pelas mulheres, alguma rede de apoio e uma parte dos profissionais que as apoiam, realmente, a gente não teria nem essas taxas que temos hoje.

OP: Ainda há preconceito contra amamentação em público. Como tornar a sociedade mais acolhedora?
Chencinski: Só com muito trabalho, conversa, apoio, informação e orientação.

OP: Quais os benefícios do leite materno?
Chencinski: Tem benefícios pro bebê, em termos nutricionais, imunológicos. O leite materno é feito de forma apropriada pra digestão, pro bom crescimento do bebê, prevenindo a obesidade, problema de colesterol, triglicérides, diabete, hipertensão, até câncer. Leucemia tem uma redução em até 13% nos casos só de amamentação. Quanto mais amamentação, maior a proteção. Pra mulher, existe a proteção também contra câncer de mama, câncer de ovário, diabete tipo 2 e outras doenças autoimunes. E o principal é sempre o vínculo.

OP: Já no caso da mãe que opta por não amamentar, como garantir o desenvolvimento do bebê?
Chencinski: É superimportante que a gente não julgue a mãe que não queira ou não consiga amamentar. É uma opção dela. Primeiro, temos que passar a informação pra que essa decisão seja informada. Não há como negar a superioridade do leite materno sobre as fórmulas infantis. A gente não mede qualidade de mãe. Se o parto foi normal ou se foi cesárea, se amamenta ou não amamenta. O pediatra está ao lado das mães pra que consiga fazer o possível pra que a criança cresça saudável. 

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545