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Aleitamento materno e redução de risco de sobrepeso e obesidade infantil - análise do KIGGS Study

Do site do Instituto Girassol

17/04/2015

Os efeitos protetores do aleitamento materno (AM) sobre a evolução do peso da criança têm sido objeto de controvérsias. Esse estudo avaliou a relação entre o aleitamento materno completo (caracterizado por aleitamento materno exclusivo – AME – ou predominantemente AM com oferta de líquidos como água, chá ou suco de frutas) acima de 4 meses e a propensão para sobrepeso / obesidade em crianças vivendo na Alemanha, onde a recomendação de AME varia entre 4 e 6 meses.

Foram analisados dados sobre AM coletados de 13.163 crianças entre 3 e 17 anos que participaram do estudo KIGGS (German Health Interview and Examination Survey for Children and Adolescents) entre 2003 e 2006. Após uma reavaliação criteriosa dos dados, foram excluídos os casos que não puderam ser adequadamente pareados restando um total de 8.034 participantes (4017 em cada grupo – AM abaixo ou além dos 4 meses).

Os achados apontaram para a hipótese de que o AM tenha um efeito benéfico na obesidade e sobrepeso infantil, embora essa ação pareça ser mais consistente em crianças entre 7 e 10 anos de idade. Os resultados sugerem que a promoção do AM pode ser um fator de ajuda na redução da prevalência de obesidade na infância, mesmo que seja em menor relevância se comparada a intervenções de saúde pública relacionadas a atividade física, escolha de alimentação saudável e condições sócio-econômicas e culturais.

Assim como a maioria dos estudos prévios, com resultados divergentes, essa análise também está baseada em dados observacionais e, mesmo que tenham sido tentados métodos para tentar minimizar os fatores de confusão potenciais, é necessário tomar alguns cuidados na interpretação da evidência dos efeitos benéficos do AM no intuito de intervenções e guidelines sobre nutrição infantil.

Comentários: Quando abordamos a importância do AM no controle do sobrepeso e obesidade infantil, na realidade, restringimos a análise a uma pequena parcela dessa avaliação. 

As características nutricionais, a influência na imunidade, na proteção contra infecções respiratórias e digestivas, o estabelecimento de um vínculo familiar mais estável e protetor para a criança, entre muitas outras questões, formam um painel que, por si só, já deveria ser o suficiente para que fossem tomadas providências mais definitivas na busca de uma aderência maior ao aleitamento materno desde a sala de parto, exclusivo e em livre-demanda até o 6º mês, estendido até 2 anos ou mais.

Mesmo assim, os estudos recentes mostram que, ainda que não seja o principal fator na proteção contra o sobrepeso e a obesidade infantil, o aleitamento materno exclusivo por 6 meses pode ser um interessante coadjuvante para se atingir esse objetivo.

Publicação: The PLOS ONE.
Fonte: Grube, M. M., von der Lippe, E., Schlaud, M., & Brettschneider, A. K. Does Breastfeeding Help to Reduce the Risk of Childhood Overweight and Obesity? A Propensity Score Analysis of Data from the KiGGS Study.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545