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Respiração Oral x Desempenho Escolar?

Não é raro os pais e a escola trazerem queixas de crianças que não estão atentas à aula, não conseguem se concentrar, tem baixo rendimento escolar, não conseguem ler bem, fazem trocas e omissões na escrita e muitas vezes são taxadas de preguiçosas. E quando essas crianças chegam ao consultório logo observamos a obstrução nasal, olheiras, lábios entreabertos (boca aberta), face alongada e alterações dentárias, essas são algumas das características do respirador oral.

Entre as funções orais (respiração, sucção, mastigação, deglutição e fala) a respiração exerce função vital e sua adequação contribui positivamente nas demais, e estas estando em equilíbrio, consequentemente teremos fala adequada (sem trocas ou omissões). Quando observamos alguma alteração desta função – seja por processos alérgicos (rinite, sinusite, bronquite) ou estruturais (adenóide, hipertrofia de amígdalas, desvio de septo) – muito provavelmente haverá obstrução das vias áreas superiores, instalando-se a respiração oral. Então a criança ou o adulto é encaminhado para avaliação otorrinolaringológica para que seja identificada a causa. 

O Fonoaudiólogo é o profissional capacitado com a responsabilidade de realizar trabalho de prevenção, de diagnóstico e de terapia dos problemas da comunicação oral e escrita, voz e audição. 

No modelo adequado de respiração temos a nasal. A função nasofacial está ligada ao desenvolvimento facial, principalmente na fase de crescimento (infância) e o nariz funciona como filtro, aquecedor, purificador, umidificador e barreira imunológica. Quando o nariz não funciona, o ar chega aos pulmões sem ter sido filtrado, aquecido, umidificado e limpo. Nesse caso o pulmão não faz sua função adequadamente (troca gasosa) e o cérebro não recebe a quantidade de oxigênio suficiente. Além disso, acarreta alteração de órgãos fonoarticulatórios (lábio, língua, bochechas e dentes), propiciando algumas das características citadas acima como: boca aberta, mastigação ineficiente, ronco, deglutição atípica, etc. 

A função respiratória inadequada (oral) implicará diretamente na atenção, concentração e memória que são habilidades/funções requeridas para assimilação de conteúdos de vida diária e escolar. Também na adequação da fala visto que é função primária que influencia nas posteriores (sucção, mastigação e deglutição), não colaborando como dito anteriormente com a motricidade oral, isto é, propiciando trocas e omissões na fala, que se não forem tratadas prejudicarão o processo da aprendizagem da leitura e da escrita.

É importante a observação e identificação de possíveis problemas respiratórios, pois a respiração oral é um problema de saúde que deve ser acompanhada e tratada por profissionais adequados sendo estes: alergista, fonoaudiólogo, ortodontista e otorrinolaringologista. E o tratamento adequado colaborará positivamente no desempenho social e escolar do indivíduo.