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A importância do cálcio para bebês e crianças

Do site Chris Flores

O pediatra e homeopata Dr. Moises Chencinski indica quais são as doses recomendadas do mineral para manter a saúde em dia

por Lia Lehr

11/09/2013

Gelado ou quente, o leite é um das bebidas mais consumidas no mundo. Puro, misturado com café, chocolate, chás ou frutas, a bebida de sabor único atrai de bebês a idosos e é importantíssima para a manutenção da nossa saúde em todas as fases da vida.

É o que explica o pediatra e homeopata Dr. Moises Chencinski. Ele conta que, se consumido abaixo da quantidade diária recomendada, pode causar problemas como câimbras e osteoporose. O contrário também é perigoso. O excesso de cálcio pode levar à desidratação e até problemas renais.

Qual a importância do cálcio para o desenvolvimento de bebês e crianças?

O cálcio é o mineral mais abundante no organismo. Parte dele circula no sangue, mas a maior quantidade é encontrada em ossos e dentes. Participa da formação e manutenção de ossos e dentes, coagulação do sangue, contração muscular e dos impulsos nervosos.

O osso está constantemente sendo sintetizado e reabsorvido e o cálcio dos ossos está sempre em equilíbrio com o cálcio do sangue. Normalmente de 65 a 70% do cálcio ingerido na alimentação é excretado nas fezes e urina. Durante o crescimento, gestação e lactação há um aumento nas necessidades de cálcio. 

Quanto as crianças devem ingerir de cálcio na infância?

Essa é a dose recomendada de ingestão diária, separada por faixas etárias.

0 a 6 meses – 200 mg

6 a 12 meses – 260 mg

1 a 3 anos – 700 mg

4 a 8 anos – 1.000 mg

9 a 18 anos – 1.300 mg

19 a 50 anos – 1.000 mg

51 a 70 anos – Homens: 1.000 mg    Mulheres: 1.200 mg

>71 anos – 1.200 mg

Gravidez e amamentação – 1.200 mg

Quais são as principais fontes de cálcio?

Um dos sais minerais mais importantes no nosso metabolismo, o cálcio pode ser encontrado em leite e derivados e, em menor proporção, nos vegetais de folhas verde-escuras, peixes e frutos do mar. 

Acho muito estranha essa atual onda de achar que o leite seja responsável por uma série de problemas (cólicas, diarreias, alergias, etc.), e se justificar que há outras fontes para reposição de cálcio.

A seguir, uma tabela comparando o Cálcio do leite em quantidades e proporções relativas a outros alimentos. Preste atenção como não é tão fácil substituir o cálcio proveniente do leite em nossa alimentação.
 

Alimento

Porção
(g)

Conteúdo de Cálcio
(mg)

Fração Absorção
(%)

Cálcio absorvido
(mg)

Porções necessárias para igualar
um copo de leite

Leite

240

300

32,1

96,3

1,0

Feijões secos

177

50

15,6

7,8

12,3

Brócolis

71

35

61,3

21,5

4,5

Repolho

85

79

52,7

41,6

2,3

Couve

65

47

58,5

27,6

3,5

Espinafre

90

122

5,1

6,2

15,5

Tofu

126

258

31

80

1,2

LOPEZ HW. DUCLOS V. COUDRAY C. et al. Making bread with sourdough improves mineral bioavailability from reconstituted whole wheat flour in rats. Nutrition, 19(6): 524-30, 2003

Quais os riscos se a criança não ingere a dose recomendada por dia?

A deficiência de cálcio pode levar a deformidades ósseas, osteoporose, osteomalácia e raquitismo. Níveis extremamente baixos de cálcio no sangue podem levar a espasmos musculares conhecidos popularmente como câimbras.

As novas recomendações para ingestão diária de cálcio para adultos são de 1000 a 1200 mg, e a maioria das pessoas não consome essa quantidade na alimentação habitual. É difícil alcançar a recomendação diária de cálcio sem o consumo de leite e derivados que são suas melhores fontes, ou através de alimentos fortificados com este macromineral. 

E se ingerir cálcio em excesso?

Se alguém exagerar na ingestão de Cálcio também pode ter problemas de saúde. Dores musculares, fraqueza, sede, desidratação, enjoo, cálculos renais são alguns dos problemas que podem ser provocados pelo abuso de ingestão de cálcio. Alguns estudos mostram que este excesso pode contribuir com o envelhecimento das células. 

Tem mães que reclamam que os filhos simplesmente não querem mais tomar leite depois que abandonam a mamadeira. O que fazer em situações assim?

A recomendação atual da Organização Mundial da Saúde, do Ministério da Saúde, da Sociedade Brasileira de Pediatria (e a minha também!) é o aleitamento materno na primeira hora de vida, exclusivo e em livre demanda até o 6º mês de vida, estendido até 2 anos ou mais.

O ideal é que depois que a criança não esteja mais em aleitamento materno, ela passe direto para leite em copinho, sem passar pela mamadeira. Isso favorece a aceitação das fórmulas, independente da idade.

Se essa orientação não foi seguida e a criança passou para mamadeira, a orientação é suspender a mamadeira, no máximo aos 3 anos (já há indicações e estudos apontando 2 anos como idade máxima).

A forma de sucção de mamadeira (e chupeta) após essa idade pode interferir de forma significativa nas funções de deglutição, fala, sono (pelo ronco), entre muitas outras.

Vale sempre lembrar às mães que o leite que está dentro da mamadeira é exatamente o mesmo leite que estará no copo. Assim, a rejeição não será ao leite e sim ao “abandono da mamadeira”.

Em crianças menores, vale a insistência e persistência. Conversar com o pediatra é uma boa forma de fazer com que essa transição seja a menos dolorida possível para todos.

Em crianças maiores, o diálogo e o exemplo podem fazer a diferença. É mais difícil para pais que têm posturas diferentes das que pregam convencer suas crianças a seguir orientações adequadas. Como explicar que uma criança não pode tomar refrigerante com um copo de um deles nas mãos? Como convencer uma criança da importância de tomar água se os pais ou cuidadores não tomam?

É mais difícil, mas é importante e não impossível.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545