Homeopatia

Parece, mas não é

Diálogos freqüentes em consultórios homeopáticos (pelo menos, no meu acontece com certa regularidade).

- Deixa eu ver se eu entendi. Tudo aquilo que não é alopatia, vendido nas farmácias "normais", é homeopatia ?
- Não.
- Ah, então homeopatia são aqueles chazinhos ?
- Não.
- Então são aqueles remedinhos com gosto de álcool que são feitos a base de flores ?
- Também não.
- Hummm ..... Então ...... !#!!%!$(*&!&@

Seguindo a mesma idéia inicial, confundem-se muitos conceitos e colocam-se, no mesmo pacote, coisas que parecem iguais mas não são.

Assim, todos os medicamentos utilizados no tratamento de doenças, mas que não são da alopatia e são naturais são englobados, equivocadamente, como homeopatia.

Cada uma destas formas terapêuticas tem sua aplicação e seus limites e devemos saber como e quando utilizar cada um destes instrumentos de cura.

Independente de qual forma terapêutica se utilize, esta deve ser prescrita, receitada, indicada, APENAS pelo profissional da área.

Nunca use a receita de seu amigo, da sua vizinha, da prima, ou por ter lido algo interessante, que parece que serve para você, em livros para leigos, sobre qualquer um destes assuntos.

Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa. Cito aqui alguns links para quem se interessar, procurar informações sobre a maioria destas formas de diagnóstico e terapia.

Mas, sinto-me na obrigação de esclarecer meus pacientes aqui, como faço no consultório, sobre algumas práticas, suas utilizações e limitações e, especialmente, alertar sobre os riscos e falsas ideologias que não ajudam, ao contrário, chegam até a prejudicar sua saúde.

Até 1980, a Homeopatia carecia do reconhecimento pelos órgãos oficiais médicos do País e era conhecida como terapia alternativa.

Enquanto algumas dessas outras especialidades não forem reconhecidas oficialmente pelo Conselho Federal de Medicina, continuarão sendo práticas terapêuticas não médicas, alternativas, com riscos a serem considerados.

Acupuntura

O que é acupuntura?
A acupuntura é uma prática fundamental da Medicina Tradicional Chinesa, usada há mais de 4000 anos no Oriente e agora difundida no Ocidente. A técnica se baseia em energias que percorrem o corpo. Esses trajetos (meridianos ou canais de energia) passam pelos órgãos e vísceras e se exteriorizam na pele e estruturas próximas, como, tecido subcutâneo, músculos, tendões e outras.
É um tratamento que busca equilibrar o organismo através da inserção, em pontos específicos da pele, de agulhas especiais. Pode-se também utilizar conforme o caso, estímulos térmicos ou de outros tipos, tais como Laser de baixa intensidade, ventosas, etc. Os fundamentos da Acupuntura têm comprovação científica no Brasil e a prática médica está entre as 50 especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).

De uma forma feral, como age a acupuntura?
Nos trajetos dos meridianos foram mapeados pontos, que podem ser alcançados por agulhas, permitindo que sejam estimulados ou sedados, conforme o caso, para desbloquear a passagem da energia e permitir sua circulação e distribuição pelo organismo. Ficará a critério do médico acupunturista selecionar e fazer a combinação dos pontos mais adequados para colocação das agulhas no paciente, de acordo com as desarmonias e características do paciente.

Pra que serve a acupuntura?
Além dos casos de dor, várias doenças funcionais podem ser tratadas pela acupuntura. Dentro da concepção chinesa, a doença é uma manifestação de desequilíbrio, e a acupuntura seria uma forma de readquirir a harmonia perdida. Entre as doenças tratáveis pela acupuntura estão: dores em geral, especialmente do aparelho músculo-esquelético, gastrite, stress, distúrbios hormonais, insônia, asma, distúrbios menstruais, paralisia facial, sinusite, incontinência urinária. Para saber se a acupuntura é adequada para o seu caso específico, pergunte ao seu médico acupunturista.

Quem pode e quem não pode usar a acupuntura?
De um modo geral todas as pessoas que sofrem de stress, ansiedade, depressão, insônia, enxaqueca, impotência, alterações menstruais ou hormonais, problemas imunológicos, traumas em geral, os problemas reumáticos e aqueles que sofrem de sintomas vagos e que não conseguem um alívio com tratamentos convencionais.
Acupuntura é efetiva e cientificamente comprovada, constituindo-se como um método terapêutico. Nas mãos de pessoas inabilitadas, incapazes de um diagnóstico preciso e de uma indicação adequada para o tratamento, pode agravar as doenças pré-existentes ou desencadear o aparecimento de outras. Quando realizada por médicos especialistas, não foram demonstrados quaisquer efeitos colaterais, a exemplo dos encontrados nos medicamentos de um modo geral.

Links para acupuntura
Site da Associação Médica Brasileira de Acupuntura
Site geral sobre acupuntura
Site sobre acupuntura do Dr. Hong Jin Pai

Antroposofia

O que é a Antroposofia?
A Antroposofia, do grego "conhecimento do ser humano", uma visão filosófica introduzida no início do século XX pelo austríaco Rudolf Steiner, pode ser caracterizada como um método de conhecimento da natureza do ser humano e do universo, que amplia o conhecimento obtido pelo método científico convencional, bem como a sua aplicação em praticamente todas as áreas da vida humana.

O que é a Medicina antroposófica?
A Medicina Antroposófica surgiu na Europa no início do século XX, baseada na imagem do homem trazida pela Antroposofia ou Ciência Espiritual do filósofo austríaco Rudolf Steiner (1861 - 1925). A pioneira desse trabalho foi a médica Ita Wegman (1874 - 1943), que a partir de diálogos com Rudolf Steiner, desenvolveu as bases de uma nova arte médica, indicando medicamentos e terapias para diversas doenças.
A Medicina ampliada pela Antroposofia (MaA) pode ser considerada uma ampliação da medicina convencional visto que, além dos conhecimentos desta, utiliza a imagem do ser humano e do mundo segundo a Antroposofia. Dessa forma, considera o homem como constituído, além de sua parte física (objeto de estudo e tratamento da medicina convencional), também de uma parte vital, outra emocional (considerada também na medicina psicosomática) e de um cerne espiritual individual.
A Medicina Antroposófica é uma prática exclusivamente médica, enriquecida pelo trabalho conjunto, interdisciplinar com outros profissionais, tais como: massagistas rítmicos, terapeutas artísticos, euritmistas e psicólogos.

O que caracteriza a Medicina Antroposófica?
Diante de uma doença, o médico antroposófico vai considerar o quadro clínico do paciente - seus sintomas, os dados de anamnese, de exame físico, os exames laboratoriais ou por imagem - como qualquer outro médico. Mas também vai pesquisar como está a vitalidade desse paciente, o seu desenvolvimento emocional e como ele tem conduzido sua vida através dos anos, sua história de vida ou biografia. O diagnóstico convencional pode, então, tornar-se mais profundo e individualizado.
A origem dos desequilíbrios pode ser identificada e transformada através da terapêutica. Esta envolve o uso de medicamentos produzidos com substâncias da natureza - minerais, plantas e até de alguns animais (abelha, corais) - através de técnica homeopática (diluição e dinamização), de processos específicos da farmácia ampliada pela Antroposofia (como é o caso dos medicamentos à base de metais) e de fitoterápicos. Mas também pode ser necessário o uso concomitante de medicamentos convencionais (alopáticos).
Além de remédios, o médico antroposófico também prescreve orientações alimentares, de saúde em geral e de estilo de vida, além da possibilidade de trabalho conjunto com as terapias ligadas à Medicina Antroposófica.

A antroposofia só influenciou a medicina?
Não. Muitas outras áreas práticas do conhecimento humano foram influenciadas pela Antroposofia, como é o caso da Pedagogia Waldorf, da Agricultura Biodinâmica, da Arquitetura de inspiração Antroposófica, da Farmácia, da Pedagogia Curativa e também da Economia e Gestão Empresarial.

Links sobre Antroposofia
Site da Sociedade Antroposófica do Brasil

Fitoterapia

O que é a fitoterapia?
A fitoterapia pode ser historicamente definida como a ciência que trata dos problemas de saúde utilizando os vegetais (fitocomplexo), sendo contemporânea ao início da civilização. Mesmo feita de plantas, a fitoterapia é uma forma alopática de tratamento. Natural, mas alopática. A fitoterapia não é uma especialidade médica.

Conheça um pouco de sua História
O primeiro manuscrito conhecido a seu respeito é o chamado Papiro de Ebers, que leva o nome do notável egiptólogo que o descobriu em Luxor e o traduziu. Manuscrito anterior a 1.500 anos A.C., é resquício da antiga civilização egípcia, o que demonstra que o faraó Ramsés I e seus contemporâneos já conheciam e faziam uso medicinal dos vegetais, algumas de uso popular até os dias de hoje, tais como a papoula, meimendro, scilla marítima e sene.
No ano de 280 A.C., inicia-se o período de Hipócrates, considerado "o pai da medicina", com a publicação da "Corpus Hippocraticum", consagrando a existência da terapia com os vegetais.
Mais tarde, adquiriram-se novos conhecimentos acerca das substâncias químicas extraídas dos vegetais, tais quais o quinino, cafeína, colchicina, codeína, teobromina, cocaína, efedrina, teofilina.

Como preparar um chá medicinal?
Infusão: Para ervas aromáticas e outras plantas ou partes de estrutura frágil, como flores e folhas. Despejar a água fervente sobre 1 colher de sobremesa da erva e em seguida abafar por dez minutos. Não se deve ferver a água juntamente com as ervas, pois as essências podem evaporar, causando a perda de sabor e poder medicinal.
Cocção: Para raízes, cascas e sementes. Na cocção, a planta é fervida por pelo menos 5 minutos e abafada por 10 minutos (1 colher de chá para cada xícara de água).

Formas para o uso das ervas
Bebida: Tome várias xícaras por dia, de preferência longe das refeições, a não ser que o uso do chá seja exatamente para estimular as funções digestivas.
Compressas: Indicadas para diversas situações, tais como: Inflamações dos olhos, da pele, cólicas abdominais e distúrbios renais. Usa-se um pano umedecido.
Banhos: Consulte seu profissional de saúde sobre banhos que são adequados a você. Dentre os mais comuns: distúrbios genitais femininos e agitação dos bebês.
Cataplasma: Socam-se as plantas, formando uma papa que se coloca sobre o local dolorido. Permaneça por 10 minutos após secar e enxague com abundância.
Gargarejos: Pode-se colocar sal de cozinha ou mel depois coar o chá. O sal e o mel são antissépticos e aumentam o poder anti-inflamatório dos chás. Faz-se gargarejo várias vezes ao dia.
Inalações: Ferva o chá e coloque-o num recipiente, aspire o vapor protegendo a cabeça, duas ou três vezes ao dia.
Lavagens: Os chás podem ser usados também para lavagens intestinais e vaginais, quando indicado pelo profissional de saúde.

Links sobre fitoterapia
Site da Associação Brasileira de Medicina Complementar
Site da Associação Médica Brasileira de Fitomedicina
Site do Laboratório Fitoterápico Panizza

Florais de Bach

Quem foi o Dr. Edward Bach?
Nascido a 24 de setembro de 1886 em Moseley, Inglaterra o Dr. Edward Bach era um reconhecido médico homeopata e patologista em saúde pública. Ele foi o criador do método dos "Florais de Bach", nos anos 30 deste século em Mont Vernon na Inglaterra. Segundo ele, para se recuperar de uma doença, é preciso ter uma mente sã. Os Florais de Bach ajudam a restabelecer um equilíbrio das emoções negativas e não interferem em doenças clínicas.

O que são os Florais de Bach?
O sistema Bach é formado por 38 essências e mais um composto emergencial que é o Rescue Remedy. Para o Dr. Bach, a atitude mental tem um papel vital na manutenção da saúde e na recuperação das doenças. Por isso os Florais tratam o doente e não a doença, trabalhando com as emoções negativas e não as suprimindo ou escondendo. Estimula-se o potencial de autocura para a obtenção da virtude contrária, através das propriedades curativas das flores. Florais não são uma especialidade médica.

Quais são os critérios para se utilizar os florais de Bach?
Essas 38 essências foram divididas em 7 grupos distintos, onde foram observadas as personalidades e a forma como cada uma reagia frente a uma doença.

Quais são esses grupos de emoções?
Os grupos são: do medo, da incerteza e insegurança, da falta de interesse no presente, da solidão, da hipersensibilidade a influencias e idéias, do desespero ou desânimo e do excesso de preocupação pelo bem estar dos demais.

Lista de medicamentos por grupo de emoção
Medo: Aspen, Cherry Plum, Mimulus, Red Chestnut e Rock Rose.
Indecisão: Cerato, Gentian, Gorse, Hornbeam, Scleranthus, Wild Oat.
Falta de interesse nas circunstâncias atuais: Chestnut Bud, Clematis, Honeysuckle, Mustard, Olive, White Chestnut, Wild Rose.
Solidão: Heather, Impatiens e Water Violet.
Hipersensibilidade a influência e idéias alheias: Agrimony, Centaury, Holly e Walnut.
Desânimo ou desespero: Crab Apple, Elm, Larch, Oak, Pine, Star of Bethlehem, Sweet Chestnut e Willow.
Preocupação excessiva com o bem estar dos outros: Beech, Chicory, Rock Water, Vervain e Vine.

E o Rescue? A que grupo pertence?
O Rescue é um composto floral desenvolvido para ajudar as pessoas nas situações de emergência e para os primeiros socorros. Utilizado quando a pessoa vai enfrentar ou está enfrentando situações de grande tensão física, psíquica ou emocional. É composto de Rock Rose, Impatiens, Cherry Plum, Clematis, Star of Bethlehem.

Links sobre Florais de Bach
Site do Instituto Dr. Edward Bach
Site do Dr. Edward Bach Center - Mount Vernon, England

Terapia Ortomolecular

Volto a um tema polêmico, não pela essência da Terapia Ortomolecular , que eu confesso não conhecer, mas pelos aspectos de abrangência, que, até os dias de hoje, ainda não estão bem estebelecidos.

A Terapia Ortomolecular, que algumas pessoas chamam, equivocadamente, de Medicina Ortomolecular, não é, ainda, uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina. Assim, por princípio, não pode ser confundida com a Homeopatia que é uma especialidade médica.

No entanto, a divulgação de alguns métodos diagnósticos e terapêuticos fazem com que os pacientes vejam neste caminho, quer seja pelas informações de outros pacientes que utilizaram esta técnica, quer pela presença de certos exames, uma forma de cura milagrosa e definitiva.

A Terapia Ortomolecular tem suas indicações e suas limitações, assim como, por exemplo, a Homeopatia tem. Assim que estas indicações forem comprovadas, segundo os critérios científicos vigentes em nosso país, e forem aceitas pelos órgãos reguladores da área de saúde (Conselho Federal de Medicina), certamente, esta situação se resolverá.

Entretanto, há manifestações contrárias a esta forma terapêutica (como especialidade médica). Cito, como exemplo, um comunicado oficial conjunto da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (ABESO), que está no site da SBEM, referente à Ortomolecular.

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – SBEM e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade – ABESO vêm a público fazer alguns esclarecimentos sobre a propagação de dietas fundamentadas na Medicina Ortomolecular:
-Não existe a especialidade Medicina Ortomolecular;
-Não existem evidências científicas de que dietas à base de tratamento ortomolecular sejam eficazes a curto ou a longo prazo;
-A resolução do Conselho Federal de Medicina 1500/98 em seu artigo 13 é clara:

RESOLUÇÃO CFM Nº 1500/98

Art.13. São métodos destituídos de comprovação científica suficiente quanto ao benefício para o ser humano sadio ou doente e, por essa razão, proibidos de divulgação e uso no exercício da Medicina os procedimentos de prática Ortomolecular, diagnósticos ou terapêuticos, que empregam:
-Megadoses de vitaminas;
-Antioxidantes para melhorar o prognóstico de pacientes com doenças agudas ou em estado crítico;
-Quaisquer terapias ditas antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para patologias crônicas degenerativas;
-EDTA para remoção de metais pesados fora do contexto das intoxicações agudas;
-EDTA como terapia antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para patologias crônicas degenerativas;
-Análise de fios de cabelo para caracterizar desequilíbrios bioquímicos;
-Vitaminas antioxidantes ou EDTA para genericamente “modular o estresse oxidativo”.

Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e a ABESO são entidades oficiais, reconhecidas pelos seus órgãos reguladores e se sentem na obrigação de proteger a população contra falsas informações, falsas propagandas e falsos produtos que colocam vidas em risco.

Só o tempo nos mostrará como esta situação se resolverá.

Até ser reconhecida como especialidade médica, a homeopatia também sofreu com estes preconceitos.

Independente de qualquer que seja o desfecho desta situação, como especialidade médica ou não, a Terapia Ortomolecular não tem nenhuma relação com os critérios medicamentosos e terapêuticos da Homeopatia.