Pediatria

Sono

Você já ouviu muitas "amigas" suas dizerem:
"Aproveita para dormir agora porque depois que o nenê nascer, nem pensar."

Será que tem que ser assim ? Será que é um sonho imaginar que isso pode ser diferente ?

Esta imagem faz parte do folclore que cerca a gravidez e a paternidade. Essa é mais uma daquelas meias-verdades que as pessoas parecem ter o prazer mórbido de te contar.

Existe vida feliz após a gestação e após o parto. Dá para curtir demais o recém-nascido durante o dia, até uma parte da noite e, depois, dormir sossegado e deixá-lo dormir tranqüilo.

Mesmo assim, há situações em que o sono de seu filho pode se alterar. São os transtornos do sono (parassonias) que podem aparecer na infância e até em adultos.

Para que vocês entendam como mudar mais esta meia-verdade e auxiliar o seu filho nas fases difíceis, vou passar algumas informações.

Dois segredos sobre o seu bebê

Atenção. Vou dar a vocês agora as duas dicas mais importantes da primeira consulta de todo recém-nascido que eu passo a acompanhar no consultório.

Primeira (estas são exatamente as minhas palavras):

Vou passar a vocês agora, uma das orientações mais importantes desta primeira consulta, especialmente porque vale para a vida toda de vocês.

Toda vez que nasce um filho, vocês precisam aprender a fazer um exercício dificílimo mas fundamental para a boa vida bio-psico-físico-social da família.

Vocês precisam aprender a diferenciar bem entre o que é um problema seu e o que é um problema do bebê.

Toda vez que vocês tentarem resolver o "seu problema" nele, vocês não resolvem o "seu problema", criam para ele um problema novo que passa a ser o seu próximo problema.

Segunda:

Seu filho apresenta, geralmente, 3 formas básicas de reação. Se estiverá tudo bem, ou ele está dormindo ou acordado calmo. Se não está tudo bem, ele chora. Ele chora de fome, ele chora de sede, de calor, de frio, por estar com as fraldas molhadas de urina, ou sujas de fezes, por sono, porque tem muita gente, etc, etc. Cada choro é diferente do outro.

Mas, para que vocês entendam o que cada choro quer dizer, é necessário escutá-lo chorar um pouco, sem se desesperar e assim, vocês passarão a entender o "chorês" (um dos dialetos do bebê).

Se a cada vez que ele chorar vocês o levarem ao colo, ele se habituará a chorar para isso. Ele faz a mesma coisa quando quer mamar. E dá certo.

Quando ele chora e vocês o pegam no colo, vocês estão tentando resolver o problema de quem? O seu ou o dele? Parem um pouco e observem. Fiquem ao seu lado, mostrem-se presentes e analisem a situação. Tentem agir de uma forma um pouco mais racional (se for possível) e assim, vocês estarão aptos a entender o que ele precisa e acabar, assim, com o choro que tanto preocupa vocês.

Desenvolvimento do seu filho no 1º ano de vida

Como vocês já viram (ou vão ver) em outra parte deste site (Dicas para uma alimentação saudável no ítem sobre Obesidade Infantil), o nenê nasce por volta de 3 kg e triplica de peso no 1º ano de vida, chegando a 10 kg. Além disso ele nasce, aproximadamente, com 50 cm e chega a 75 cm no final destes 12 meses (25 cm ou 50% a mais na estatura, fato que nunca mais vai se repetir durante toda sua vida).

Para que isso aconteça, o metabolismo do recém nascido é muito diferente e mais acelerado do que o nosso.

Enquanto vocês dormem, seu coração bate em torno de 40 a 60 vezes por minuto. O coração do bebê, quando ele dorme, bate cerca de 120 vezes por minuto.

Enquanto vocês dormem, vocês respiram de 6 a 8 vezes por minuto. A respiração do bebê é muito irregular. Quando ele mama, o estômago se dilata e reduz o espaço para a expansão dos pulmões e, para obter a mesma quantidade de oxigênio, ele precisa respirar mais vezes por minuto e mais rapidamente. Pelo som diferente, vocês acordam e vão até ele para ver se está tudo bem.

Algumas vezes, a respiração do bebê é tão superficial que vocês, assustados, têm que checar se ele está respirando. Várias são as técnicas normalmente utilizadas pelos pais neste momento (foram vocês que me contaram isso): chegar bem perto dele para ouvir a respiração (nem sempre dá certo); colocar um espelhinho na frente do rosto dele pra ver se a respiração dele embaça o espelho; segurar um fio de linha suspenso perto do nariz e da boquinha dele pra ver se balança e, no auge do desespero, acordá-lo. Aí ele acorda, chora e vocês, mais aliviados, agora terão que usar suas artimanhas para fazê-lo dormir novamente.

O que fazer então?

Pra evitar esta situação que poderá levar o seu filho a acordar mais vezes, por um tempo maior do que o necessário, no meio da noite, há 2 possibilidades:

- Colocá-lo para dormir no quarto dele, no berço dele e ficar no seu quarto e no seu “berço”. O seu quarto não deve ser assim tão distante do dele. Assim sendo, não se preocupem. Se ele chorar vocês certamente ouvirão. O seu sono é muito pesado ou vocês não ficam sossegados assim ? Coloquem um intercomunicador (babá eletrônica) no quarto dele e, mesmo assim, aguardem um pouco após o início do choro. Em uma grande parte das vezes, o recém nascido chorará por alguns segundos e dormirá (se é que ele acordou).

- Deixá-lo em seu quarto, com vocês, no berço dele ou no cestinho, mas nunca na cama com vocês. Neste caso, ajam como se ele estivesse no outro quarto. Sem vê-lo e sem que ele os veja, é mais fácil a observação.

Nunca o coloque para dormir na mesma cama que vocês e nem permitam que a presença do filho na cama faça o pai ir dormir em outro local, que é normalmente o que acontece. Há de se ter um limite para isso. Quando o recém nascido está na cama, entre vocês, o seu sono normalmente não é tranqüilo, pelo medo de sufocá-lo se virando sobre ele ou, sem querer, de empurrá-lo para fora da cama. Se o sono de vocês fica superficial assim, ele não é repousante.

Lembrem-se: amanhã, vocês dois têm o que fazer e precisam estar atentos e descansados para isso. Após 15 dias sem dormir direito, a qualidade do despertar não é a mesma e acidentes podem acontecer (no trânsito, no trabalho, em casa).

Além disso, quando o recém nascido está na sua cama, a mamãe pode ficar tentada a amamentá-lo deitada. Algum de vocês já tomou refrigerante deitado ? O refrigerante vai para o nariz. Por dentro, há uma comunicação entre a boca, as orelhas, o nariz e a garganta e o leite, quando é ingerido deitado, pode se desencaminhar e provocar infecções de ouvido, de seios da face e até, mais grave, uma aspiração do leite para os pulmões.

Saibam que ...

O recém nascido mama de 10 a 30 minutos de cada lado, em intervalos de 2 a 4 horas entre as mamadas (contando-se o intervalo de começo de uma ao começo da outra mamada), de acordo com sua necessidade e vontade.

O recém nascido poderá mamar durante a noite até entre o 3º e o 6º meses de vida. No início, ele acordará de 3 a 4 vezes entre as 23 e as 7 horas da manhã. Com o passar do tempo, e com a técnica adequada de amamentação e seguindo o seu bom senso, ele mamará em intervalos cada vez maiores e assim, quando você menos esperar, ele estará dormindo a noite toda.

A primeira vez que isso acontece pode ser um susto, com todos correndo para ver se aconteceu algo, porque ele nunca fez isso ou pode ser uma evolução natural do que vocês vivenciaram com ele desde o parto. Depende de vocês.

O recém-nascido, no primeiro mês de vida, dorme cerca de 18 a 20 horas ao dia. Com o passar do tempo, essa necessidade de sono diminui e ele passa mais tempo acordado, durante o dia. Evite que ele durma por períodos maiores do que 4 horas de dia. Se ele esticar o sono de dia, ele pode encurtar o sono à noite. E este não é o seu sonho de felicidade, é ?

Mesmo assim, as coisas podem não correr conforme estamos pensando. Caso vocês não consigam fazê-lo dormir de forma adequada ou sintam que há algum fator interferindo no sono dele (e, conseqüentemente, no de vocês), avisem-me. Vamos avaliar e tentar ajudá-los nesse caminho.

Bons sonhos!!!!

Já é hora de dormir

A hora de dormir continua sendo um dos momentos de atrito entre pais e filhos, desde a mais tenra infância até a fase de adolescência.

Na maior parte das vezes, as crianças não dormem bem por responsabilidade (ação ou omissão) dos pais. Educar não é apenas pagar escolas, alimentar, levar para passear. Orientar limites, dar diretrizes de condutas sociais, mostrar caminhos e até colocar na cama na hora certa e de uma forma adequada são tarefas ligadas à criação dos filhos.

Todos conhecem ou se lembram do jingle da propaganda dos Cobertores Parahyba (1962)?

Já é hora de dormir
Não espere mamãe mandar
Um bom sono pra você
E um alegre despertar.

Traduzindo para o "eduquês":
Ir para a cama espontaneamente, na hora adequada, se possível, sempre no mesmo horário, apagar a luz e dormir sozinho – isso pode acontecer no mundo real?

Pode, mas depende de vários fatores.

Nenê não dorme

Pesquisas mostram que 35% das crianças têm insônia e a culpa quase sempre é dos pais

Os pais estão com olheiras e com vontade de se divorciar. A babá está quase pedindo demissão. E o menino ? Para desgosto de toda a família, continua animado e dormindo pouquíssimo. É comum que nos primeiros anos de vida as crianças tenham dificuldade para iniciar o sono sozinhas, despertem muitas vezes à noite, acordem com qualquer ruído e durmam menos horas do que o esperado. Tão comum que a maioria dos pais acha que não é preciso tomar providências, pois acreditam que isso passa com a idade. Nem sempre é assim. Estudos mostram que a insônia infantil atinge 35% das crianças com menos de 5 anos e, se não é cuidada, pode tornar-se um problema para toda a vida. A partir do 3º mês, o bebê começa a dormir mais à noite do que durante o dia. Uma criança entre 1 e 2 anos dorme, normalmente, em torno de 13 horas por dia. Aos 4 e 5 anos, o período de sono é de 11 horas. Quantidades menores de horas dormidas devem ser encaradas como sinal de alerta.

O distúrbio do sono infantil pode ter causas físicas, como dor ou dificuldades respiratórias Ou psicológicas, incluindo aí o sonambulismo e pesadelos. O mais freqüente, contudo, é que a culpa seja dos pais. “Mais de 95% das crianças que recebemos não dormem devido ao condicionamento errado”, diz Márcia Pradella-Hallinan, do Instituto do Sono da Escola Paulista de Medicina. Há crianças cujo relógio biológico é um pouco preguiçoso. Elas realmente precisam que alguém as ensine a dormir sozinhas. Só que se isso é feito de modo errado acaba perpetuando as razões que as levam a acordar no meio da noite. “Os pais pegam no colo, acariciam, amamentam e assim condicionam o filho a dormir somente nessas condições”, diz o espanhol Eduard Estivill, diretor da Unidade de Alterações do Sono do Institut Dexeus de Barcelona e autor do livro Nana, Nenê, lançado recentemente no Brasil. “Quando elas faltam, a criança não consegue cair no sono.” Estivill aconselha aos pais angustiados que fiquem com a criança até que ela esteja sonolenta, mas saiam do quarto antes que ela pegue no sono.

Há outros conselhos, todos na contra-mão do comportamento habitual dos pais. Não se deve cantar para a criança dormir, embalá-la no berço ou no colo, levá-la para passear de carrinho, dar uma volta de carro. Contar uma história pode levar a criança a associar a hora de dormir a um momento agradável. Em caso de choro, vale entrar no quarto para inspirar confiança, mas nada de deitar na mesma cama.

O importante é que o distúrbio de sono seja resolvido logo. Primeiro, porque uma criança que sofre de insônia se torna irritada, insegura, hiperativa, com baixo rendimento de aprendizado e problemas de crescimento. Segundo, porque a vida conjugal fica prejudicada pelo cansaço e pelo nervosismo. “Para o casal, acaba sendo um método anticoncepcional”, diz Flávio Aloé, neurologista do Centro do Sono do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Foi o que aconteceu com Carmem e Hellen Trench. As duas filhas tiveram problemas de insônia desde pequenas e adoravam pular para a cama dos pais. “Entrei em stress profundo e, depois de tanto tempo, acordava mesmo antes de elas desepertarem”, conta Carmem. Andréa, hoje com 8 anos, não dormiu bem até os 6 e Marcela, com 5 anos, ainda acorda várias vezes durante a noite. A mãe torce os dedos para que melhore com a idade.

REPORTAGEM DA VEJA – Edição 1668 // ano 33 // Nº 39 // 27/09/2000 – pag. 75.

Ele fala dormindo

Falar dormindo não é um privilégio de idade. Tanto crianças como adultos podem fazê-lo.

Este quadro é chamado de sonilóquio (que é diferente de solilóquio que é falar sozinho)

É um transtorno benigno do sono que se inicia mais tarde na infância, entre os 6 e 12 anos. 

Uma das características que a distinguem de outras alterações é que, conforme foi constatado em laboratórios, ela pode ocorrer em todos os estágios do sono. 

O quadro geralmente se inicia entre 30 minutos e 3 horas após o adormecer e não corresponde a sonhos ou pesadelos. 

A criança chega a falar durante até 20 ou 30 minutos e a fala costuma envolver umas poucas palavras difíceis de distinguir.

Os episódios de soliloquia, às vezes, podem acompanhar terrores noturnos e sonambulismo.

Não há problemas em despertar a criança nestes momentos.

Sonambulismo

Vocês estão dormindo e, de repente, sentem uma presença estranha no quarto, ao lado de sua cama.
Vocês acordam sobressaltados e vêem seu filho, com a roupa da escola, andando pelo seu quarto.
Vocês chamam, ele não responde e continua andando pelo quarto.

O sonambulismo é muito mais comum do que se imagina.

Este quadro, que costuma ter início entre os 6 e os 12 anos de idade, mas pode ser visto em adolescentes e adultos, tem cerca de 80% dos casos com história familiar de terror noturno ou sonambulismo. É comum nas crianças, com porcentagens de 15 a 30% de crianças saudáveis com história de pelo menos um episódio de sonambulismo, e 3 a 4% das crianças com história de episódios repetitivos. Nos adultos, é descrita prevalência de 1%, sendo raro após a sexta década de vida.

O episódio começa no primeiro terço da noite, podendo progredir, sem plena consciência ou posterior recordação do episódio, a ponto de o sonâmbulo levantar-se da cama, às vezes executar atos motores, caminhar, vestir-se, ir ao banheiro, conversar, gritar e até dirigir. Este comportamento pode terminar por um despertar com vários minutos de confusão ou, o que é mais comum, o indivíduo voltar a dormir sem qualquer lembrança do que acabou de acontecer, nem na hora e nem no dia seguinte.

Como a condição de sonambulismo pode ser perigosa com risco de acidente, outra pessoa que presencie o episódio deve acompanhá-la, sem procurar acordá-lo. 

Predisposição familiar e fatores psicológicos (estresse) podem ser relacionados ao sonambulismo.

Pesadelos

Vocês foram a uma festa, se divertiram muito, chegaram em casa às 3 da madrugada e desmaiaram de sono.
De repente, vocês escutam gritos desesperados de seu filho e correm ao quarto dele para ver o que está acontecendo.
Vocês chegam perto da cama dele e verificam que ele está dormindo, olhos mexendo rapidamente, transpirando.
Ele está gritando, palavras inteligíveis mas desconexas.
Vocês tentam acordá-lo e ele desperta assustado e conta que estava sonhando, lembrando, inclusive de alguns detalhes deste "sonho".

Seu filho teve um pesadelo.

Os pesadelos consistem em sonhos com conteúdo emocional ocorrendo com aumento da frequência cardíaca e respiratória, sudorese, sendo finalizado geralmente com um despertar e lembrança do que sonhou.

Não é rara a queixa de dificuldade para retornar a dormir devido ao medo de sonhar novamente. 

Este é um quadro mais comum em crianças. Há dados indicando que 20 a 30 % das crianças entre 5 a 12 anos de idade têm um pesadelo a cada 6 meses.

Os pesadelos podem ocorrer na mesma noite em que a criança apresenta terror noturno ou episódio de sonambulismo.

Crianças que apresentam Transtorno de Pesadelo normalmente despertam fácil e completamente, relatam sonhos tipo estórias acompanhando os episódios que costumam ocorrer mais tarde, no decorrer da noite, durante a fase de sono REM (Rapid Eye Moving ou fase do sono com Movimento Rápido dos Olhos), que corresponde à fase dos sonhos.

O padrão de excitação autonômica (suor, taquicardia, tremor, etc.) e de atividade motora (agitação) não é tão marcante quanto no Transtorno de Terror Noturno e a recordação é mais completa.

Não há problemas em acordar alguém com pesadelos.

Terror noturno

O relógio bate as 12 badaladas noturnas. Já é sexta-feira, 13 de agosto. Tudo parece calmo até que .... um grito aterrorizante de socorro corta aquele silêncio.
Os pais correm para o quarto de seu filho único.
Os gritos desesperados continuam e a criança está agitada na cama, olhos arregalados, suando frio, quando os pais chegam ao quarto.
Eles tentam inutilmente acordá-lo. Percebem que o coraçãozinho de seu filho está muito, muito acelerado e ele está com uma expressão de horror.
Ele continua gritando, dizendo que vão pegá-lo e que ele não consegue mais escapar.
Já sem saber o que fazer, o pai tenta achar um número de telefone quando de repente .... a criança se acalma, se deita e continua o resto da noite dormindo calmamente.

O que poderia, perfeitamente, ser um filme de horror e suspense de Alfred Hitchcock ou de Quentin Tarantino, nada mais é do que um quadro de terror noturno.

O Transtorno de Terror Noturno, que acomete 3% das crianças, geralmente meninos, começa aos 3 anos de idade, podendo durar até os 12 anos (com pico dos 5 aos 7 anos) e costuma resolver-se espontaneamente durante a adolescência. Em adultos, ele inicia entre 20 e 30 anos de idade e comumente segue um curso crônico, com a frequência e a gravidade dos episódios apresentando variação de intensidade ao longo do tempo. 

A frequência dos episódios varia tanto para a pessoa quanto entre os indivíduos em geral e habitualmente ocorrem em intervalos de dias ou semanas, mas podem ocorrer em noites consecutivas e podem durar de 1 a 10 minutos, em média.

Diferente dos pesadelos, este quadro aparece na primeira fase do sono (1 a 2 horas após o adormecer), onde não há movimentos oculares rápidos (fase do sono não-REM), assim sendo, fora do período dos sonhos.

O quadro é diagnosticado pelas seguintes características:
- Episódios repetitivos de despertar abrupto do sono, geralmente durante o primeiro terço do sono, começando com um grito de pânico; 
- Medo intenso e sinais de excitação autonômica, tais como taquicardia (frequência cardíaca podendo chegar a 160 batimentos por minuto), taquipneia (respiração muito rápida) e sudorese (transpiração excessiva) durante cada episódio;
- Não-responsividade relativa aos esforços para confortar a pessoa durante o episódio (sendo quase impossível acordá-la); 
- O paciente lembra-se de um sonho não-detalhado e existe uma amnésia (esquecimento) do episódio (não se lembra de nada quando acorda no dia seguinte); 
- Os episódios causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 
- O distúrbio não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral.

Os indivíduos com Transtorno de Terror Noturno frequentemente relatam uma história familiar positiva de terror noturno ou sonambulismo. Alguns estudos indicam um aumento de dez vezes na prevalência do transtorno entre os parentes biológicos em primeiro grau. 

As causas do terror noturno ainda são desconhecidas, com maior probabilidade de ser fisiológico e não psicológico. Ansiedade extrema, estresse e conflitos, conscientes ou subconscientes são fatores facilitadores. Em crianças, a precipitação de eventos traumáticos, febre e distúrbio emocional pode exibir um papel desencadeante. Adultos podem ter quadros semanais ou até diários. O distúrbio pode levar anos para desaparecer e o tratamento é mais difícil. 

Um quadro intermediário entre o sonambulismo e o terror é conhecido como alerta ou despertar confusional, quando a criança exibe automatismos, porém está agitada. A criança pode chorar, chamar os pais, gritar por socorro, ficar sentada no próprio leito chutando os objetos ou correr pelo aposento. Normalmente não responde às tentativas dos pais de acalmá-la ou mostra ainda mais agitação em resposta a tais tentativas.

Pode existir certo grau de descarga autonômica, com taquicardia, taquipneia, sudorese e midríase (menina dos olhos dilatada).

Este quadro é encontrado em toda a infância, mas predomina nos três primeiros anos de vida. É relatado durante atendimento pediátrico de rotina em 3%a 5% das crianças.