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Suplementação de mães em aleitamento materno com ácidos graxos de cadeia longa (LCPUFA) para melhorar o crescimento e desenvolvimento infantil

Do site do Instituto Girassol

27/10/2015

Baseados na premissa de que os LCPUFA, especialmente o DHA, são importantes para o crescimento e maturação do cérebro e da retina de uma criança, buscou-se, nesse estudo, estabelecer se a suplementação das lactantes com esses ácidos graxos essenciais traria esses benefícios físicos e cognitivos para seus bebês, com segurança para mãe e filho.

Através de pesquisa no Cochrane Pregnancy and Childbirth Group's Trials Register, PubMed, EMBASE, LILACS, Google Scholar foram selecionados 2 artigos de revisão, de autores distintos, que seguiam os critérios previamente estabelecidos.

Avaliando as evidências disponíveis, os autores concluíram que a suplementação de LCPUFA a lactantes não parecia melhorar o desenvolvimento neurológico, a acuidade visual ou o crescimento dessas crianças. Assim, não há evidências conclusivas para apoiar ou refutar a prática de se suplementar lactantes com LCPUFA. Não foram relatados efeitos adversos com essa suplementação.

Comentário:

A publicação do I Consenso da Associação Brasileira de Nutrologia sobre recomendações de DHA durante gestação, lactação e infância (outubro de 2014) ressalta a importância da oferta do DHA para mães, especialmente a partir do último trimestre de gestação, para suprir o feto de condições de um bom desenvolvimento neurológico e visual.

Como não se garante, ao menos no Brasil, um aporte adequado à gestante através da dieta (atum, salmão, arengue), o Consenso recomenda uma suplementação de 200 mg por dia, no último trimestre de gestação e o aleitamento materno até 2 anos de idade para garantir níveis de DHA para o lactente, através da suplementação adequada da mãe.

Assim, além de suprir a gestante, a criança deve receber, até os 5 anos de idade, quantidade suficiente de ômega 3 para assegurar seu bom desenvolvimento, quer seja pelo aleitamento materno, através de suplementação da lactante, quer seja através de concentração adequada em fórmulas infantis (para as crianças não amamentadas até o 6º mês – 0,2 a 0,5% do total de lipídeos da fórmula em DHA). 

Em crianças de 6 a 24 meses em fórmulas infantis, com o conhecimento científico atual, ainda não há uma determinação adequada da quantidade necessária de DHA das fontes lácteas. Acima de 2 anos e até pelo menos 5 anos, essa oferta de ômega 3 deve vir da alimentação, ou caso se comprove deficiência de aporte, por suplementação.

O estudo apresentado não demonstra diferença significativa na acuidade visual, crescimento ou neurodesenvolvimento em acompanhamento além de 24 meses. Apenas se demonstra discreta superioridade na atenção em crianças aos 5 anos no grupo suplementado.

Publicação: PubMed.gov
Fonte: Delgado-Noguera, M. F., Calvache, J. A., Bonfill Cosp, X., Kotanidou, E. P., & Galli-Tsinopoulou, A. (2015). Supplementation with long chain polyunsaturated fatty acids (LCPUFA) to breastfeeding mothers for improving child growth and development (Review). The Cochrane database of systematic reviews, 7, CD007901-CD007901.
DOI: doi: 10.1002/14651858.CD007901.pub3

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545