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Imunização: o perigo “das adaptações” no calendário de vacinação

Dos sites JorNow e Difundir

Muitos pais perguntam aos pediatras se podem “pular, alternar ou juntar as vacinas” das crianças, ao invés de seguir o esquema de imunização recomendado.

por Márcia Wirth

08/06/2015

É o que revela um estudo, publicado no Pediatrics. E pasmem! A maioria dos médicos concorda com o pedido, mesmo aqueles que acreditam que “os atrasos ou as adaptações” podem colocar as crianças em risco de doenças evitáveis e tornar a experiência mais dolorosa.

O estudo traz dados muito interessantes sobre a imunização. Apenas cerca de 2-3% dos pais realmente se recusa a vacinar seus filhos. Mas há um número crescente de pais pedindo para fazer “adaptações” ao cronograma de vacinação. “Segundo Allison Kempe, autor do estudo, ele esperava encontrar estas solicitações dos pais, mas não tão frequentemente quanto os dados com os quais se deparou: mais de 20% dos médicos disseram que 10% ou mais de sua clientela haviam pedido para alterar a data das vacinas”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

Os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos EUA, recomendam várias vacinas durante os primeiros anos de vida para proteger as crianças contra doenças. A programação é apoiada pela Academia Americana de Médicos de Família e pela Academia Americana de Pediatria, que publica a Pediatrics.

A Academia Americana de Pediatria diz que o esquema vacinal é projetado para funcionar da melhor maneira em função do conhecimento sobre o sistema imunológico das crianças, protegendo-as das doenças o mais rapidamente possível.

O novo estudo aparece justamente quando os americanos estão envolvidos numa batalha contra um surto de sarampo que infectou 154 pessoas de 17 estados, desde 20 de fevereiro. O surto está ligado à Disneylândia, na Califórnia. Para o estudo, Kempe e sua equipe, em colaboração com os CDCs, enviaram questionários a 815 pediatras e médicos de família, em todos os EUA, em 2012. Eles receberam 534 preenchidos. No geral, 93% dos médicos relataram pelo menos um pedido dos pais para espaçar as imunizações de uma criança com menos de dois anos de idade. 21% dos médicos disseram que pelo menos 10% das famílias fizeram essa solicitação.

Razões para procrastinar...

Segundo Chencinski, “os médicos disseram que os pais tinham uma variedade de razões para se desviarem do esquema de vacinação recomendado, incluindo preocupações sobre complicações e uma crença de que seus filhos não teriam uma doença evitável por vacina”, diz.

A maioria dos médicos que respondeu à pesquisa considera que não é do melhor interesse da criança ser vacinada fora do tempo recomendado para a vacina, mas a maioria concorda com os desejos dos pais. A percentagem de médicos que muitas vezes ou sempre concorda em espaçar as vacinas além do recomendado quase triplicou, de 13% em uma pesquisa similar de 2009 para 37% no estudo atual.

Os médicos disseram que tentaram educar os pais sobre a importância de seguir o calendário de vacinas recomendado, mas alguns sentiram falta de abordagens eficazes. Muitos profissionais relataram que eles não estavam fazendo a diferença, quando o tema era vacinação. 

“Já abordamos anteriormente as dificuldades de comunicar aos pais os benefícios da vacinação. Dar aos pais novas informações pode provocar mais resistência a vacinar uma criança no futuro? Parece que sim. A razão exata para esse fenômeno não é clara. Para lidar com esta situação delicada, os estrategistas de saúde pública terão que ter em mente, em relação às vacinas, que há uma série de razões para que os pais optem por não vacinar os filhos”, defende o pediatra, que também é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Mesmo diante de resistências aqui e ali, no Brasil, de uma maneira geral, as taxas de vacinação atualmente são altas. “Todas as estratégias e os esforços de comunicação devem se concentrar em manter estes números e não levantar mais preocupações sobre a vacinação. Dada a gama de grupos com algum impulso contra a vacinação, provavelmente não seja simples encontrar uma forma que seja eficaz para todos os pais. Há mensagens que realmente não funcionam, mas sempre podemos nos empenhar em desenvolver estratégias que elevem as taxas de vacinação", afirma Moises Chencinski.

A Academia Americana de Pediatria recomenda técnicas para a discussão de vacinas com os pais. Para que o discurso do médico possa ser eficaz, é preciso combinar várias técnicas, incluindo a educação durante a gravidez, uma cobertura mais responsável sobre vacinação pelos meios de comunicação - limitando o uso de isenções filosóficas - e uma melhor colaboração entre os departamentos de saúde pública. “A culpa toda não pode recair apenas sobre o pediatra e o médico de família, pois o problema é bem maior que a atuação desses dois profissionais”, diz o pediatra.

Quer saber um pouco mais sobre vacinação? Acesse o filme:
http://www.youtube.com/watch?v=Xhpwxi9NUC0

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545