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Feliz Páscoa: sem esquecer da saúde e do bolso!

Do portal do SEGS

O que transforma a Páscoa num risco real à boa forma e à saúde é o hábito de fazer dela uma oportunidade de consumo exagerado de chocolates, com o aval da festa. O consumo extra de chocolate pode perdurar meses.

por Márcia Wirth

11/03/2015

Se você está preocupado com a quantidade de chocolate que seu filho irá ganhar e ingerir nesta Páscoa, você não está sozinho! Mas não se preocupe...

“Existem formas de conciliar interesses, ou seja, satisfazer o seu filho e evitar o consumo excessivo de calorias, visando a prevenção ou o combate à obesidade infantil. Nesse processo, informação correta é essencial”, destaca o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

Moderação é a chave

Para Moises Chencinski, o que falta em relação às festividades, de uma maneira geral, – Páscoa, Natal, Ano Novo, Dia das Crianças – é moderação. “Sabe aquela música infantil: ‘Coelhinho da Páscoa/Que trazes pra mim?/Um ovo, dois ovos/ Três ovos assim...’. E o pior é que não só nós comemos todos eles, como também oferecemos às crianças para que elas experimentem e se lambuzem. Resultado? E-mails e telefonemas para o pediatra e visitas aos prontos-socorros e consultórios médicos. Por quê? Excesso de gostosura”, afirma o pediatra, membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Então, a Páscoa está chegando... Os ovos de Páscoa para as crianças já estão comprados. E aí vem o “grilo falante do pediatra”, mais uma vez, pra estragar a festa? Mas qual (ou quais) o(s) problema(s) de comer um ovinho de chocolate na Páscoa? “Se estivéssemos mesmo falando de um ovinho, os problemas seriam poucos, mas ainda assim seria necessário ter moderação. A realidade é que no feriado prolongado: entre a Quinta-feira Santa e a Páscoa, no domingo, cada criança consome muito mais do que um ovo de Páscoa (de 250 ou 300 gramas)”, defende o médico.

Segundo Chencinski, há duas maneiras de encarar o consumo dos ovos de Páscoa. A primeira refere-se ao preço e a segunda às calorias ingeridas.

Preço

(em uma das redes de supermercados mais conhecidas em São Paulo):

  • 1 ovo de Páscoa de uma marca X (330 gramas) custa R$ 41,90;
  • 330 gramas (15) de bombons da mesma marca X, embalados um a um, custam R$ 15,90;
  • Se formos falar de uma barra de 200 gramas de chocolate (1 barra e meia para completar 300 gramas) a diferença é muito mais sensível (cada barra de 200 gramas do mesmo chocolate custa cerca de R$ 5,00. Assim 300 gramas custariam R$ 7,50).

Segundo uma das empresas de chocolate, a “explicação” (Revista Época de 2014) para essa diferença é que “sua composição de custo é diferenciada, já que são produtos concebidos não somente para o consumo tradicional, mas para presentear e encantar. Sua produção e distribuição envolve uma série de necessidades específicas, como a contratação de mão de obra temporária, desenvolvimento de embalagens especiais, processo manual de embalagem, armazenamento e transportes especiais, entre outros”.

Cálculo de calorias

“Essa é uma conta que pode doer até mais do que a diferença do custo nos bolsos dos pais”, ensina Moises Chencinski:

  • 25 gramas de chocolate dos ovos de Páscoa, em média, têm entre 130 e 140 calorias. Assim, um ovo de 300 gramas tem, em sua composição média, 1600 calorias.

“Se isso fosse dividido por 3 dias para uma criança, estaríamos acrescentando 500 calorias por dia na sua alimentação habitual. Isso, imaginando que cada criança consumiria ‘apenas um ovo’ durante esses 3 dias e que depois disso, nenhuma família vá trazer mais ovos para a casa (mais em conta após as festas) quando o ‘agora obeso coelhinho da Páscoa’ estiver se despedindo das famílias”, diz o pediatra.

E além das calorias, o médico destaca que o chocolate contém (em cada 25 gramas, segundo informação de uma das empresas produtoras):

Carboidratos (15 gramas), açúcares (14 gr), proteínas (1,5 gr), gorduras totais (7,4 gr), gorduras saturadas (3,9 gr), sódio (12 mg). Mas tem fibras (rsrsrsrsrs – 0,6 gr).

“Façam a conta para 300 gramas. Assustador, não é mesmo?”, questiona o pediatra.

Questões mais graves

De acordo com Moises Chencinski, “a Páscoa costuma ser uma época na qual muitas crianças comem chocolate pela primeira vez. Com isso, pode ser maior a incidência de alergias, intoxicações e intolerâncias alimentares. Entre 3 a 8% das crianças apresentam alergia alimentar. Dessas, 85% são por alergia à proteína do leite de vaca. Leite e chocolate são uma combinação perigosa para os alérgicos. Por isso, as mães devem estar alertas”, avisa.

Se você acha que bebês de 8 a 10 meses ficam lindos com a carinha lambuzada de chocolate: cuidado! “O risco a que as crianças são expostas nessas situações não compensam os transtornos. A foto fica como lembrança para toda a vida... A alergia também”, afirma o pediatra.

Chencinski destaca também que, “mesmo as crianças que já estão habituadas ao chocolate podem apresentar alergia (ao leite, ao amendoim, às castanhas), outros quadros agudos, como intolerância pelo abuso do alimento (vômitos, diarreias, dores de barriga que podem evoluir para desidratação) ou, ainda, quadros crônicos (pelo hábito, levando à obesidade infantil, tão comum nos consultórios pediátricos)”.

Dicas gerais

Além das precauções já mencionadas, o médico lista a seguir outras dicas para uma Páscoa mais saudável:

  • Evite oferecer chocolate para crianças abaixo de 1 ano de idade e controle a oferta dos ovinhos de chocolates para as crianças acima dessa idade;

  • As crianças, normalmente, são acostumadas a receber ovos da madrinha, dos avós, dos pais e dos tios. Todos muito bem intencionados, querendo presenteá-las com o maior e o mais novo lançamento do mercado. Procure incentivar, desde cedo, a doação da metade (pelo menos) dos ovos de Páscoa para crianças carentes;

  • A versão diet encontrada nos supermercados não apresenta vantagem alguma sobre os ovos convencionais, a não ser para os pacientes diabéticos e para os que necessitam de uma redução do açúcar em suas dietas;

  • O que transforma a Páscoa num risco real à boa forma e à saúde é o hábito de fazer dela uma oportunidade de consumo exagerado de chocolates, com o aval da festa. O consumo extra de chocolate pode perdurar meses, até que o estoque infindável de ovos termine. Terminada a Páscoa, guarde o chocolate que sobrou e o libere em pequenas porções, apenas nos finais de semana.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545