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Tosse forte desperta suspeita de coqueluche

Do site Minha Vida

Adultos confundem com resfriado os sintomas da doença, perigosa para bebês.
(Essa matéria foi publicada no site Minha Vida em 04/11/2011 e atualizada no dia 11/07/2014).

por Fernando Menezes

11/07/2014

Se você está pensando em ter um filho ou convive com crianças, com certeza já ouvir falar em coqueluche, doença também conhecida como "tosse comprida" por causa de seu principal sintoma. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, aproximadamente 50 milhões de casos de coqueluche são registrados anualmente e 300 mil resultam em morte. No Brasil, por mais que o número seja bem menor, a doença ainda assusta e é especialmente perigosa para os recém-nascidos, cuja imunidade ainda é bastante frágil.

"As pesquisas apontam um novo surto entre recém-nascidos, idade em que a vacinação não pode ser feita", diz a pediatra Luíza Helena Falleiros Arlant, vice-presidente da Slipe (Sociedade Latino Americana de Infectologia Pediátrica). Causada por uma bactéria chamada Bordetella pertussis, a doença afeta as vias respiratórias superiores (nariz, cavidade nasal, faringe, laringe e traqueia). "A coqueluche é mais comum do que as pessoas imaginam. Mas, como os sintomas são parecidos com os da gripe, o problema acaba recendo menos atenção do que deveria", explica Luíza Helena.

Para ficar longe das doenças e proteger os pequenos, tire suas dúvidas e entenda mais sobre a coqueluche.

Quais são os sintomas da coqueluche?

De acordo com o pediatra Moisés Chencinski, especialista do Minha Vida, a coqueluche começa com sintomas leves, semelhantes a um resfriado comum. Essa fase dura de uma a duas semanas. A tosse, inicialmente fraca, vai ficando mais intensa e até provoca espasmos respiratórios, frequentemente acompanhados por vômitos, tosse súbita e incontrolável, rápida e curta após uma inspiração. Na etapa seguinte, ocorre a atenuação dos sintomas por duas ou três semanas, podendo durar meses. 

Esses sintomas são muito perigosos em recém-nascidos e crianças que ainda não completaram um ano de vida. "O corpo de um recém-nascido ainda é muito frágil, a tosse forte causada pela coqueluche pode causar a ruptura de vários vasos sanguíneos, provocando hemorragias e, em casos mais graves, levando ao óbito", afirma Luíza Helena. 

Ela também atinge os adultos?

Mesmo que as crianças de menos de um ano de idade sejam o grupo de maior risco, essa doença se manifesta em todas as idades, inclusive na juventude e na vida adulta. "A doença não é perigosa para o hospedeiro na vida adulta. Na maioria das vezes ela é confundida com uma gripe ou um resfriado", diz o pediatra Moisés Chencinski. 

Mesmo assim, é preciso procurar um médico se os sintomas persistirem durante muito tempo, já que um adulto com coqueluche pode transmitir a doença para uma criança que ainda não foi imunizada. 

Como ela é transmitida?

A coqueluche é uma doença que se espalha através das gotículas de água expelidas durante a tosse. Segundo o levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde, se uma pessoa contrai a bactéria, as chances de que ela seja transmitida a outras pessoas da família ficam entre 83% e 100%, dependendo da propensão de cada um. 

"Muitas vezes os pacientes pensam que estão com gripe ou resfriado e, por isso, não procuram um profissional. Como a bactéria pode ficar semanas hospedando o paciente, as chances de contágio aumentam", explica a pediatra Luíza Helena Falleiros Arlant. É por isso que, mesmo a doença apresentando poucos problemas ao adulto, eles devem procurar um médico se apresentarem os sintomas por mais de uma semana. 

Segundo uma pesquisa feita pela Organização Pan Americana de saúde, adultos em contato com a criança são os principais responsáveis pela transmissão da doença, principalmente no caso de bebês menores de um ano, quando a doença é mais perigosa.

Ela pode levar a doenças mais graves?

A bactéria da coqueluche não causa pneumonia diretamente, mas deixa o pulmão propício à proliferação de outros organismos, que podem causar problemas sérios nas vias respiratórias, tanto em adultos como em crianças. "Sozinha, a coqueluche é perigosa somente em crianças. Mas o acúmulo de catarro provocado pela doença deixa o pulmão mais propenso a sofrer com outros fungos e bactérias, que podem causa a pneumonia também em adultos", alerta a pediatra Luíza Helena Falleiros Arlant. 

A vacina causa prevenção permanente?

Segundo a pediatra Luíza Helena Falleiros Arlant, vice-presidente da Slipe (Sociedade Latino Americana de Infectologia Pediátrica), a vacina tríplice bacteriana, também conhecida como DTP que deve ser dada quando o bebê faz um ano e meio, protege a criança contra coqueluche durante os primeiros cinco ou seis anos de vida. Após essa idade, que coincide com a entrada da criança na escola, é preciso tomar uma dose de reforço.  

"Com o maior contato com outras crianças e adultos, é preciso que a criança tome novamente a vacina. O mesmo deve acontecer entre os 15 e 18 anos, quando a imunização está perdendo o efeito", explica a pediatra. Apenas as doses para crianças são distribuídas pelo Sistema Único de Saúde, as outras doses podem ser encontradas em centros privados. 

"A vacinação é fundamental para mulheres que estão pensando em engravidar ou que são mães de bebês com menos de doze meses de vida", diz Luiza Helena. 

Errata sobre essa última parte

A informação anterior deve ter sido publicada por algum engano. Ela contém uma informação inicial inadequada e, a partir dela, uma série de equívocos. 

1) A vacina Tríplice Viral referida na matéria é contra Sarampo, Caxumba e Rubéola. Ela é aplicada, atualmente, aos 12 meses (1 ano de idade) com reforço aos 2 anos. As duas doses são oferecidas pelo SUS.

2) A vacina que protege contra coqueluche é a Tríplice (Difteria, tétano e coqueluche), que é aplicada aos 2, 4 e 6 meses de vida com reforço aos 15 meses e entre 4 e 6 anos de idade. Há uma vacina acelular (previne alguns efeitos adversos provocados pela fração pertussis - coqueluche) mas que é aplicada apenas na rede privada. Na rede pública ela não é oferecida. 

3) O surto está acontecendo pelo fato de essa vacina perder seu efeito protetor 10 anos após a sua aplicação. Assim, a cada 10 anos, deveria ser feito novo reforço dessa vacina. Mas, ela não é oferecida no SUS e apenas em clínicas particulares.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545