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A importância do check-up desde cedo

Do site da Revista Crescer

Esqueça aquela história de que médico só é necessário ao sinal de tosse ou dor. Manter uma rotina de consultas, da maternidade à adolescência, é importante para deixar a saúde em ordem, antecipar diagnósticos e esclarecer as maiores dúvidas sobre o desenvolvimento dos filhos

por Andressa Basílio

25/07/2014


Matteo estava prestes a completar 3 anos quando teve que encarar uma difícil missão: ser examinado pelo pediatra, algo de que ele não gostava nada. “E fazia pouco tempo desde a última consulta, mas eu queria saber tudo o que iria mudar nessa nova fase. Sigo as orientações à risca e sempre que tenho dúvidas, ligo”, conta a atriz Juliana Neves, 34, também mãe de Luca, 6. O problema é que nem todos pensam assim. Uma queixa comum entre os especialistas é que os pais abandonamas consultas de rotina e passam a tratar os filhos apenas ao sinal de sintomas. Aí, por melhor que seja o atendimento, o pediatra não conhece a criança e o histórico familiar, o contato fica impessoal e resolve só o que é imediato.

“Muitas vezes, a consulta coincide como calendário de vacinação. Quando as vacinas começam a ficar mais espaçadas, os pais acham que já podem tomar conta da saúde dos filhos sozinhos e se esquecem de fazer o acompanhamento periódico”, afirma o pediatra Adauto Dutra Morais Barbosa, do Departamento Científico de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Mas essa falta das visitas de rotina pode trazer riscos à saúde dos pacientes.

Uma pesquisa encomendada pela Academia Americana de Pediatria e feita com 20 mil crianças mostrou que, quando os pais substituem as consultas rotineiras ao pediatra por atendimentos pontuais, as crianças correm duas vezes mais risco de serem hospitalizadas. As chances aumentam em caso de doenças crônicas, como asma e problemas do coração. Isso porque as famílias que deixam de lado as consultas também estão perdendo a oportunidade de intervenção preventiva e detecção precoce de problemas, como aconteceu com Mathias, 11 anos. Não fossem as visitas semestrais ao médico, dificilmente o hipotireoidismo seria descoberto a tempo de evitar déficit de crescimento. “É uma doença genética, minha avó tinha e minha irmã tem, mas a gente nem lembrou que nosso filho (na época com 7 anos) corria risco. Foi a pediatra que pediu um exame de sangue e descobriu o problema hormonal”, conta a mãe, a psicóloga Cláudia Serathiuk, 42.

Segundo a pediatra Anete Colucci, da Unifesp, ter informações dos familiares próximos, ou seja, pais, avós, tios e primos de primeiro grau, além de todo o histórico gestacional e do nascimento, é fundamental para que o médico avalie os riscos de a criança desenvolver problemas no futuro, ainda que não consiga evitar a manifestação de doenças. “Há problemas, como síndromes ou transtornos psiquiátricos de origem genética, que só são detectados quando o quadro se manifesta. Já outros, como obesidade, podem ter seu diagnóstico e o tratamento antecipados.”

É por isso que os especialistas precisam se manter atualizados sobre a saúde e o desenvolvimento do seu filho até o início da adolescência (isso mesmo!). E essas consultas são boas para você também, que deve aproveitar para esclarecer todas as dúvidas, além de trocar informações. Descubra mais sobre qual deve ser essa frequência e o que costuma ser avaliado em cada check-up.

Até 2 dias - O Básico do Bebê

O check - up, na verdade, deve começar antes mesmo de o bebê nascer. O pediatra e homeopata Moises Chencinski, da Sociedade de Pediatria de São Paulo, esclarece que a mãe precisa fazer um pré - natal adequado, com os exames corretos e um preparo para o parto normal, com as vacinas atualizadas. Logo depois do nascimento, ele passa por um exame chamado Apgar. Realizado duas vezes nos primeiros cinco minutos de vida, o objetivo é avaliar a vitalidade do bebê através da medição da frequência cardíaca, respiração, tônus muscular e dos reflexos.

As primeiras imunizações, as vacinas BCG e hepatite B, são dadas já nos primeiros momentos de vida. Ainda no período de 48 horas depois do nascimento, ele deve passar pelos seguintes exames, todos obrigatórios e oferecidos pelo SUS, com exceção do teste da linguinha, só oferecido na rede particular e que geralmente entra no valor pago pelo pacote do parto e não tem um preço individual.

Teste do pezinho

Uma picadinha no calcanhar pode detectar precocemente um leque de doenças congênitas, como anemia falciforme, fibrose cística e hipotireoidismo. O exame é tão importante que tematé data comemorativa, 6 de junho, instituída pelo Ministério da Saúde. A diretriz é para que ele seja realizado entre o terceiro e o sétimo dia de vida. Antes disso, as disfunções podem passar despercebidas e, depois,há o risco de agravamento das doenças. Se o teste não for feito na maternidade, leve seu filho à unidade básica de saúde mais próxima para efetuar a coleta do sangue.

Teste da orelhinha

Com um aparelho específico, o fonoaudiólogo pode diagnosticar deficiências auditivas que, quando descobertas cedo, permitem a melhor conduta médica.

Teste do olhinho

Esse exame indolor é feito com um oftalmoscópio. O aparelho emite uma luz que produz uma cor avermelhada e contínua nos olhos saudáveis e, com isso, descarta a presença de tumores e cataratas.

Teste do coraçãozinho

Uma pulseira é colocada no pulso e no calcanhar da criança para medir a oxigenação no sangue, o que confirma se o coração está trabalhando normalmente.

Teste da linguinha

No início de junho, o Senado aprovou o projeto de lei que garante a realização do exame nas maternidades e nos hospitais – ele identifica se o bebê tem dificuldade de sucção durante a mamada. Até o fechamento desta edição, o projeto não havia sido sancionado. O procedimento, porém, já é praxe em muitos estabelecimentos privados. Ao observar a mamada, o especialista consegue perceber se há alteração no frênulo (ou freio da boca) do bebê que, além de dificultar a amamentação e provocar dor e fissura nos seios da mãe, pode causar, posteriormente, alterações na fala.Quando detectado o problema, a criança passa por uma pequena cirurgia de correção. É importante ressaltar que, dependendo do histórico da gestação, das condições no nascimento, do resultado das observações e dos primeiros testes, outros exames podem ser solicitados pelos médicos para garantir a saúde do seu filho.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545