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Mais benefícios do aleitamento materno: mais QI e menos TDAH

Do site Chris Flores

Pesquisa aponta que criança que foram amamentadas pela mãe têm menos chances de desenvolver Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade

06/08/2013

Apesar de todas as vantagens do aleitamento materno desde a primeira hora de vida, exclusivo e em livre-demanda até o 6º mês, estendido até 2 anos ou mais, os dados que observamos a respeito de sua prevalência no Brasil ainda são pouco animadores.

Segundo os últimos dados de pesquisa nacional (2008 / 2010), a média de aleitamento materno exclusivo (AME) é de 54 dias, aos 4 meses cerca de 24% das crianças estão em AME e aos 6 meses essa taxa cai para cerca de 9%. Aos 6 meses de vida, apenas 41% das crianças ainda estão em aleitamento materno. A média de duração do aleitamento materno é de cerca de 11 meses.

Recentemente foram apresentados mais dois estudos relacionando o aleitamento materno com dados de desenvolvimento importantes.

Estudo publicado no JAMA - Pediatrics em 29/07/2013, realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard, Estados Unidos, relacionou a presença ou não do aleitamento materno, sua duração e a exclusividade com o desenvolvimento cognitivo das crianças com 3 e 7 anos de idade. Além disso, foi avaliada também a relação cognitiva das crianças com a ingestão de peixe na alimentação materna durante o período de lactação.

Foram estudadas 1312 crianças e mães do Projeto Viva. As mães que foram acompanhadas tiveram suas gestações entre 22 de abril de 1999 a 31 de julho de 2002 e as crianças foram seguidas até a idade de 7 anos e testadas aos 3 e aos 7 anos por métodos tradicionais de avaliação de linguagem, vocabulário, habilidades motoras e visuais.

O estudo apontam evidências que estabelecem uma relação entre a maior duração do aleitamento materno durante o primeiro ano de vida com melhor linguagem receptiva e inteligência não verbal mais tardia, mas não com relação a aptidão física ou memória. 

Esses resultados foram considerados válidos mesmo controlando parâmetros comparativos da capacidade intelectual diversa dos pais dessas crianças, sua educação, ganhos financeiros.

Certos componentes do leite materno (aminoácidos, ácidos graxos ômega-3 e colesterol) parecem ter influência no desenvolvimento cerebral.

Embora haja mães que não conseguiram amamentar por questões de saúde, trabalho ou opção, é importante destacar que os pais podem ter várias ações para otimizar o desenvolvimento de seus filhos, e uma delas é o aleitamento materno.

Outro estudo realizado em Israel, divulgado por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv e publicado no Jornal Breastfeeding Medicine, aponta para um possível efeito protetor do aleitamento materno na probabilidade de desenvolvimento de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade).

Baseados no fato de o aleitamento materno ter uma influência positiva no desenvolvimento físico e mental, e no fato de a TDAH ser o transtorno neuro-comportamental mais comum em crianças e adolescentes, com grande interferência na vida social, familiar e acadêmica, foi realizado um estudo para avaliar se o período de aleitamento materno teria alguma relação com o aparecimento desse desequilíbrio.

Foram estudados os prontuários de crianças entre 6 e 12 anos, que tiveram seus diagnósticos de TDAH entre 2008 e 2009, no Schneider's Children Medical Center (Petach Tikva, Israel). Essas crianças (grupo 1) foram comparadas, através de questionários especiais, a dois outros grupos:

- Crianças sem diagnóstico de TDAH, irmãos e irmãs de crianças com TDAH (grupo 2)

- Crianças sem TDAH que passavam em consulta na clínica de otorrinolaringologia do hospital por outras razões (grupo 3).

Os resultados mostraram que entre as crianças do grupo 1 (com TDAH), 43% estavam em aleitamento materno aos 3 meses (57% usavam outro tipo de leite em mamadeira), comparados a 69% no grupo 2 (irmãos) e a 73% do grupo 3 (sem TDAH).

Aos 6 meses, 29% das crianças do grupo 1 (com TDAH) ainda estavam em aleitamento materno, enquanto 50% do grupo 2 (irmãos) e 57% do grupo 3 (sem TDAH) ainda mantinham essa forma de alimentação.

A conclusão do estudo mostrou uma menor probabilidade, estatisticamente significante, de crianças com TDAH estarem em aleitamento materno aos 3 e 6 meses comparadas aos outros dois grupos. Assim, especula-se a possibilidade de que o aleitamento materno possa ter um efeito protetor no desenvolvimento de TDAH em infância mais tardia.

Ainda são necessários mais estudos para determinar uma relação real entre o aleitamento materno e a proteção contra TDAH.

Mesmo assim, as pesquisas, por enquanto, apontam sempre na direção de que, independente do órgão ou sistema estudado, quanto mais estímulos ao aleitamento materno maiores são os benefícios para a saúde física, intelectual e social das crianças.

Afinal, essa é a geração que está sendo preparada para viver por 100 anos, com saúde plena. E para isso, o aleitamento materno desde a primeira hora de vida, exclusivo e em livre-demanda até o 6º mês, estendido até 2 anos ou mais é um dos fatores primordiais para um começo promissor.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545