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O que as mulheres realmente querem? Lições para Educação e promoção em Aleitamento Materno

Do site Instituto Girassol - Profissionais

26/04/2016

Esse estudo, publicado no Breastfeeding Medicine, levou em conta que apesar de as estratégias de promoção sobre o aleitamento materno (AM) serem prioritárias, as taxas de aleitamento o Reino Unido continua baixas.

Um grupo de 1.130 mães com crianças entre 0 e 2 anos de idade que tinham planejado amamentar ao nascimento responderam a um questionário sobre suas atitudes em relação à promoção e ao suporte  ao aleitamento materno.

Os resultados mostraram que, apesar de valorizarem as informações sobre AM, haveria uma necessidade de mudanças nas abordagens em relação ao tema.

As principais observações diziam respeito a afastar a percepção de que o AM é melhor (em vez de normal), enfatizar outros aspectos mais amplos sobre a importância do AM além das questões de saúde e mostrar que todos os alimentos importam e não só o AM por 6 meses.

Além disso, as mães também destacaram a necessidade de se promover essa educação sobre AM aos membros da família e da sociedade em geral, ao invés de simplesmente para as mães. Todos eles têm influência direta ou indireta na decisão materna e em sua capacidade de amamentar.

As sugestões foram desde ideias de campanhas promocionais até como abordar grupos específicos para aumentar o apoio, incluindo educação das crianças, anúncios na TV e a utilização de fontes já estabelecidas de informação online sobre AM.

Comentário: Quantas vezes, boas intenções e boas ações são desperdiçadas pela forma inadequada de abordagem. Podemos aproveitar esse para algumas reflexões.

  1. Como abordar um tema de tamanha importância como o AM, sem conhecer a nossa população-alvo de forma ampla, e sem termos a percepção adequada de suas reais intenções e necessidades? Será que não estamos levando um peso a mais a essas mães, “impondo” um modelo da “ciência” a quem já carrega o peso e o estigma de que “ser mãe é padecer no paraíso”?
  2. Onde estamos errando? Apesar de termos uma maior divulgação em termos de aleitamento materno, legislação em andamento na intenção da proteção das mães que desejam amamentar (licença-maternidade de 6 meses e, mais recentemente, proteção para mães que desejem amamentar em púbico, NBCAL), e de que de 1996 a 2006 houve uma grande evolução nas taxas de AM, nos últimos 10 anos essa evolução parece ter estagnado ou, pelo menos, sofrido uma redução do impacto.
  3. Estamos de fato tentando resolver e abordar as questões referentes aos anseios e aos problemas reais das mães, mesmo levando em conta o que “é o melhor” para os bebês, ou nosso foco continua sendo “centrado” na ciência, nos estudos, nos nossos anseios como profissionais de saúde?

De forma alguma, temos a intenção de diminuir a real importância e validade do aleitamento materno. Muito pelo contrário. A cada dia, os estudam mostram mais e mais facetas sobre a importância fundamental do AM. E grande parte das mães já sabe disso.

Mas, se não tivermos o apoio dessas mães e se continuarmos a exclusivamente “colocar nelas o peso” do sucesso ou insucesso do AM, sem distribuir, de fato, a informação e a responsabilidade entre as família, a mídia, a sociedade, quanto, de fato, estamos trabalhando em prol do AM ou só em prol de nossos ideais?

Publicação: PubMed.gov
Fonte: Brown, A. (2016). What Do Women Really Want? Lessons for Breastfeeding Promotion and Education. Breastfeeding Medicine, 11(3), 102-110.

DOI:http://doi:10.1089/bfm.2015.0175

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545