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Bebê brigando com o peito: o que fazer?

Do site da Crescer

Os incômodos que o pequeno sente ao mamar estão relacionados a uma série de fatores, mas podem ser resolvidos. Entenda!

por Carla Leonardi

02/05/2024

bebê se debate durante a mamada, chora, fica agitado, irritado, puxa o bico do seio… Essa situação é descrita popularmente como uma verdadeira “briga com o peito”, mas como tudo que envolve a maternidade e a amamentação, vale ter cuidado na escolha das palavras.

“Qual a mãe que não se sente desconfortável em saber que sua cria ‘briga’ com seu peito? O peito que nutre, que acolhe, que acalenta?”, questiona o pediatra Moises Chencinski. “Muitas expressões que são utilizadas de forma automática e ‘inocente’ por nós podem cair com impacto no coração de uma mãe e trazer consequências inesperadas e indesejáveis”, pondera, fazendo uma ressalva sobre esse modo de falar.


Quais podem ser as causas?

De acordo com o pediatra, grande parte dos desconfortos na mamada pode estar relacionada a fatores externos, como alguns que ele destaca a seguir:

- questões do ambiente (frio, calor, uso de cadeira desconfortável)
- fisiologia (fralda suja, sono da mãe ou do bebê)
- comportamento humano (excesso de estímulos, reações dos outros à amamentação em público, intervenções físicas não solicitadas)
- roupas inadequadas (apertadas, não práticas, tanto do bebê quanto da mãe)

Outras possibilidades comuns relatadas por Chencinski são: 

- pouco ou muito fluxo de leite
- confusão de bicos (decorrente do uso de mamadeiras, chupeta e bico de silicone)
- disfunção oral do bebê (como a presença de anquiloglossia - freio de língua que atrapalha mobilidade e função)
pega e posição inadequadas

“De forma geral, sempre que houver sinais de desconforto de mãe e/ou bebê, é importante que a lactante tenha liberdade para buscar apoio e orientação com um profissional de saúde materno-infantil habilitado e preparado, mesmo que, aparentemente, possa ser uma situação simples”, orienta Chencinski.


Quando os desconfortos podem aparecer?

Não existe regra. Não é porque o bebê mamava de forma adequada no início que os desconfortos não possam aparecer posteriormente. “Mesmo um começo promissor pode, em alguma ocasião ou período, evoluir com desconforto, colocando em

Ele cita os chamados “picos de crescimento” e “saltos de desenvolvimento” como situações que podem levar a impasses no manejo da amamentação - mas, mais uma vez, a orientação profissional faz toda a diferença para contornar os entraves que talvez surjam nesses períodos.


O que fazer?

O primeiro passo é saber que os desconfortos na mamada podem aparecer e que eles são reversíveis, ou seja, não determinam o fim da amamentação. Com ajustes - sobretudo se forem auxiliados por um profissional habilitado - é possível contornar a situação. A enfermeira obstetra Gracielle Basile, consultora em aleitamento materno, dá algumas orientações práticas que podem ajudar em certos casos.

“Como o uso de bicos artificiais pode causar uma confusão no bebê, levando a uma irritação quando ele for mamar no seio materno, o ideal seria tentar ao máximo não introduzir esses utensílios”, recomenda. Para as mães que já começaram a usar, vale suspender por um período e observar se o desconforto da criança começa a diminuir.

Outra dica é em relação ao excesso de roupas, que tende a ser um incômodo comum para os pequenos. “O bebê com calor fica desconfortável e pode apresentar dificuldade em mamar. Então, durante as mamadas, vale evitar o uso de muitas roupas e apetrechos entre a mãe e o bebê”, diz Gracielle.

Segundo a profissional, o reflexo de ejeção do leite exacerbado e até mesmo a hiperlactação também podem deixar o pequeno bem irritado. “Muitos bebês engasgam, apresentam desconforto abdominal e regurgitam com frequência", diz. Nesse caso, é importante a avaliação do pediatra ou de uma consultora de amamentação para orientar o melhor a ser feito.

Gracielle reforça que, independente da dificuldade, a mulher busque ajuda de um profissional de lactação “para passar por este momento da forma mais saudável, prazerosa e eficaz possível”, finaliza.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545